CPI da Saúde: relatório mostra como Mecias e Chico operam dentro da Sesau

Senadores são citados diversas vezes no relatório final; CPI pediu indiciamento apenas para Chico

CPI da Saúde: relatório mostra como Mecias e Chico operam dentro da Sesau
Senadores aparecem várias vezes no relatório da CPI da Saúde – Foto: Reprodução

O relatório final da CPI da Saúde mostra como funcionam os possíveis esquemas dentro da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). O Roraima em Tempo teve acesso ao documento. As investigações, assim como as oitivas citam os senadores Mecias de Jesus (REPU) e Chico Rodrigues (DEM).

Mecias de Jesus, por exemplo, é citado no esquema de cirurgias superfaturadas dos bucomaxilos. Por outro lado, Chico aparece em desvio de cerca de R$ 20 milhões de verbas da Covid-19.

Mecias de Jesus

No relatório, o jornalista Rui Figueiredo relata como Mecias o ajudou no desfecho de uma licitação. Conforme ele, mesmo com as duas empresas concorrentes irregulares, a empresa de seu amigo, Márcio Muller, a Andoline, que atendia aos requisitos, não estava cotada para vencer o processo.

Em certa ocasião, Rui disse que viu o secretário de Saúde afirmar em um jornal local que as três empresas não estava habilitadas para vencer a licitação.

“[…] a terceira colocada era a Andolini. Ela preenchia todos os requisitos. Então, fui procurar saber como a gente faz para mostrar que isso está errado. Fomos atrás do Secretário de Saúde, fui atrás do político que indicou o secretário de saúde“, diz.

Em seguida, o relator da CPI, deputado Jorge Everton (sem partido) perguntou a quem ele se referia. Então Rui respondeu: “O senador Mecias de Jesus”.

Conforme o jornalista, o processo não ‘andava’. Contudo, poucos dias depois de falar com Mecias, a Andoline venceu o contrato.

Bucomaxilos

O relatório da CPI da Saúde aponta ainda o esquema montado pelos cirurgiões bucomaxilos dentro do Hospital Geral de Roraima (HGR). Depoimentos afirmam que, com o pretexto da falta de material, as cirurgias deixaram de ser feitas pelo SUS. Então os pacientes procuravam a Justiça.

Para liberar as cirurgias por meio de clínicas particulares, o Ministério Público Federal (MPF) solicitava três orçamentos. A então coordenadora do Centro de Especialidades Odontológicas do Estado, Silvana Ruiz, disse que não sabe como acontecia, mas estes orçamentos eram sempre dos três dentistas: Rodrigo Acioly, Dennys Dinely e Daniel do Carmo.

Acontece que Silvana afirmou que a então governadora Suely Campos a convidou para assumir o departamento. O motivo: o atual coordenador, o cirurgião Rodrigo Acioly, estava fazendo campanha para um candidato a senador dentro do HGR. Jorge Everton perguntou quem era o senador. Silvana respondeu que era Mecias de Jesus.

A coordenadora também disse que a esposa do cirurgião, Roberta Acioly, é suplente do senador. Fato conferido e confirmado pelo Roraima em Tempo.

CPI da Saúde exclui cirurgiões da lista de indiciamento

Durante a reunião da comissão na tarde de ontem (8), a deputada Lenir Rodrigues (Cidadania) pediu para retirar os nomes dos cirurgiões da lista em que a CPI pede o indiciamento de 65 pessoas.

Os deputados Jorge Everton, assim como o Niton Sindpol (PATRI) que é vice-presidente da CPI votaram contra. Em contrapartida, os deputados Renato Silva (REPU), Lenir Rodrigues e Evangelista Siqueira (PT) votaram a favor. O relatório foi aprovado com 62 pedidos de indiciamento.

Chico Rodrigues na CPI da Saúde

O senador Chico Rodrigues aparece no relatório como suspeito de participar da organização criminosa que direcionava licitações em compras superfaturadas de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), entre outros itens.

O senador deve responder pelos crimes de organização criminosa, peculato, crime de licitação, bem como advocacia administrativa.

Recorrente

Essa não é a primeira vez que Chico Rodrigues é suspeito de desviar verbas da Covid-19. Desse modo, em 2020 ele foi alvo da Operação Desvid-19 da Polícia Federal.

Foi nessa ocasião que os policiais o encontraram com dinheiro escondido na cueca. Sendo assim, o senador disse que os R$ 33 mil eram para pagar funcionários.

Controladoria Geral da União (CGU), suspeita que Chico Rodrigues participa de um esquema armado para o desvio de cerca de R$ 20 milhões da Sesau. É o mesmo esquema apurado pela CPI da Saúde.

A comissão pediu o indiciamento de Chico Rodrigues, mas não pediu de Mecias de Jesus.

Fonte: Da Redação

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