O deputado Jalser Renier (SD) ligou para o delegado-geral da Polícia Civil, Herbert Amorim, dias após ser criada a força-tarefa para investigar o sequestro e a tortura do jornalista Romano dos Anjos.
O delegado confirmou a informação em depoimento ao Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR). O Roraima em Tempo teve acesso ao documento.
O delegado disse ao MPRR que o parlamentar ligou para ele “dois ou três dias após criar a comissão [força-tarefa]”. De acordo com ele, Jalser falou que estavam fazendo uma “covardia” com ele e que “não ficaria assim”.
Mas a ameça de Jalser ao telefone não foi a primeira, conforme a Polícia Civil. Naquele mês de novembro, o delegado-geral e o adjunto, Eduardo Wayner, se encontraram com o secretário da Segurança Pública, Edison Prola.
De acordo com Prola, Herbert disse que Jalser havia falado: “se essa investigação continuar, vai morrer gente”. Antes disso, Jalser ameaçou o governador Antonio Denarium (PP) de morte, também em novembro de 2020. O deputado nega.
Herbert também disse que Jalser usou o termo “meus coronéis”, se referindo aos militares que faziam a segurança dele. À época, o deputado presidia a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
Para o MPRR, a ligação para Herbert pode ser considerada um “atestado de confissão”, pois no início das investigações não havia suspeitos.
De acordo com o MPRR, Jalser agia para “blindar e proteger” os militares próximos a ele, bem como para interferir ilicitamente na investigação.
Dos 10 presos nas duas fases da Operação Pulitzer, nove são policiais militares, e a maioria trabalhava para Jalser. Conforme o inquérito, o deputado chefiava a organização criminosa.
De acordo com a Polícia Civil, a organização funcionava dentro da Assembleia Legislativa. O deputado usava a estrutura do Poder para espionar adversários políticos.
Segundo o inquérito, a quadrilha foi responsável pelo sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos, no dia 26 de outubro de 2020.
Os bandidos tiraram Romano de casa, amarraram ele e a esposa, e os ameaçaram de morte. Em seguida, queimaram o carro dele, o espancaram e o abandonaram na região Rural de Boa Vista.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e aguarda resposta.
Fonte: Da Redação
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