Roraima registrou 348.839 eleitores cadastrados até março deste ano. A maioria é formada por pessoas com o ensino médio completo, que representam 29,7% do eleitorado. Enquanto a minoria é de analfabetos, que correspondem a 2,6%.
Em segundo e terceiro lugar, aparecem os eleitores com ensino fundamental incompleto com 18,7% e ensino médio incompleto 18,3%, respectivamente. Enquanto os eleitores com ensino superior completo representam 11,1%, já os com ensino superior incompleto chegam a 8,1%. (Veja os dados detalhados em tabela abaixo)
O Cientista Político e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Roberto Ramos, avalia que houve uma leve evolução no grau de instrução dos eleitores de Roraima em comparação aos anos 1990 e 2000. De acordo com o TSE, à época, mais de 69 mil (37%) não tinham o ensino fundamental completo (primeiro grau).
“Eram eleitores que não sabiam ler ou que apenas liam e escreviam e que não tinha ensino fundamental completo. Nesse eleitorado de baixo nível de escolaridade, que não consegue competir por empregos formais e acabam recebendo baixo recurso econômico, é muito fácil de ser capitaneado pelo clientelismo, no qual alguém com poder aquisitivo maior oferece cesta básica, seja tijolo cimento, em troca de voto”, explicou o cientista político.
Com o grau de instrução crescendo entre o eleitorado do estado, principalmente o médio e o superior, Ramos analisa que o nível crítico sobre política, partidos e coligações também tende a crescer. Dessa forma, ele acredita que essa ascensão deve interferir na representação das eleições de 2022.
“Quando o eleitorado começa a ganhar fôlego e aumenta o nível de escolaridade, o ensino superior começa a ganhar força, surge mais crítica, mais questionamento e a necessidade de escolher representantes a partir do voto de opinião. Nós não vamos acabar com o clientelismo na política roraimense, infelizmente. É algo que está intrínseco na cultura política brasileira, mas esses eleitores vão fazer sua escolha a partir de suas ideologias das concepções políticas”, disse.
Neste ano, os eleitores escolhem os representantes para governo estadual, bem como senadores, deputados estaduais e federais. Além disso, a disputa pelo governo federal também ocorre no pleito de 2022, onde todos os eleitores do país votam em conjunto para escolher o presidente.
Roraima é o estado com menor colégio eleitoral do país, com 348.839 eleitores. Dessa forma, o número representa 0,02% do total do Brasil, que possui 148.327.396 pessoas, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Conforme Roberto Ramos, mesmo com o menor colégio eleitoral do país, os eleitores que vivem em Roraima influenciam no processo eleitoral. Por isso, o cientista político ressalta a importância da participação na hora de escolher os representantes.
“A melhor forma de influenciar na política é participando do processo eleitoral. Apresentar nossas demandas, cobrar dos nossos representantes políticos soluções para os nossos problemas, sabendo separar o que é do executivo e o que é do legislativo. À medida que isso ocorre nos tornamos mais cidadãos e contribuímos para a melhoria de vida da população. A população ganha mais força quando participa e o primeiro passo é votar, comparecer às urnas, expressar o voto livremente e depois cobrar dos vencedores boas práticas políticas. Caso eles não façam isso, a gente pode abrir mão”.
Para o cientista político, a disputa das eleições deste ano terá uma “rivalidade política” e os votos serão distribuídos considerando as dificuldades socioeconômicas, o retorno da inflação, o alto valor da gasolina e ainda o efeito da Covid-19.
“Esse ano vai ser uma disputa muito boa politicamente entre os partidos uma rivalidade de votos à esquerda e votos à direita, tanto local quanto no âmbito nacional. Há uma desconfiança ainda da esquerda por uma parte do eleitorado que prefere conservadorismo e também há uma redução do eleitorado de direita”, completou.
Fonte: Yara Walker, jornalista do Roraima em Tempo
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