Após erro em cirurgia ortopédica, mulher não consegue solução no HGR

Conforme relato, em vez de uma prótese, os médicos colocaram dois parafusos e agora ela sofre com dores intensas que a impedem de realizar atividades simples

Após erro em cirurgia ortopédica, mulher não consegue solução no HGR
Raio-x do joelho de dona Ornete Samento – Foto: TV Imperial

Em entrevista à TV Imperial no início deste mês, dona Ornete Sarmento, 55, relatou que após erro em uma cirurgia ortopédica que fez no Hospital Geral de Roraima, sente dificuldades ao andar. Os médicos que realizaram o procedimento implantaram parafusos no joelho da paciente. Consultando outros ortopedistas, ela descobriu a falha e agora pede justiça.

Cansada de esperar por uma resposta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), a mulher procurou a imprensa para denunciar o seu caso. Após veiculação da notícia, a pasta agendou uma consulta para dona Ornete, mas o problema continua sem solução.

“O médico falou ontem para mim que ele não pode corrigir erro de outro médico. Ele me deu encaminhamento, para que eu volte para marcar com o médico que me operou, que fez isso aí no meu joelho, que nenhum outro médico ortopedista no Estado vai poder reparar esse erro”, explicou a mulher.

Dona Ornete sofreu um acidente de motocicleta em 2012. No ano seguinte, após avaliação, a mulher foi informada de que precisava fazer uma cirurgia de ligamento cruzado. Ela entrou para a lista de espera, mas com a demora, os médicos recomendaram um Tratamento Fora de Domicílio (TFD), o que também não deu certo. A paciente foi chamada para fazer o procedimento apenas em 2023, durante um mutirão da empresa MedTrauma, responsável pelo setor de ortopedia do HGR.

‘Erro’

Segundo a mulher, em vez de uma prótese, os médicos colocaram dois parafusos. Agora, ela sofre com dores intensas, que a impedem de trabalhar e fazer atividades básicas.

“Me arrependo muito, porque eu fazia as minhas coisas. Sentia um pouco de dor? Sentia, mas eu ia no mercado, eu trabalhava de diarista e conseguia limpar uma casa. Hoje em dia não posso me abaixar, meu joelho não dobra, não posso subir uma escada, se eu subir, tenho que subir só em uma perna. Então me arrependo muito, muito mesmo. Fora as dores que eu sinto. Ontem eu vim do Coronel Mota para pegar um lotação, chorando de dor, muita dor mesmo”, disse a paciente.

Fraudes em contrato de cirurgias ortopédicas

A Polícia Federal deflagrou na última sexta-feira (2) uma operação que investiga suspeita de fraude em um contrato de R$ 30 milhões da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) com a empresa MedTrauma, que presta serviço de cirurgias ortopédicas em Roraima. A ex-secretária Cecília Lorenzon foi afastada do cargo por determinação da Justiça Federal.

As investigações apontam que a contratação ocorreu sem estudo técnico preliminar que comprovasse a necessidade interno do serviço. E que ainda desconsiderou auditorias anteriores do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU) que indicaram suspeitas de direcionamento de licitação e superfaturamento da contratação da empresa pelo Governo do Acre.

Além disso, a Sesau ignorou a recomendação da própria Controladoria Geral do Estado de Roraima (Coger) para a não contratação destes mesmos serviços.

TCU embargou contrato

Em abril de 2023, o TCU embargou o contrato de R$ 30 milhões da Sesau com a empresa MedTrauma, contrata para serviços de ortopedia. O órgão também determinou a paralisação dos pagamentos.

A Corte havia determinado diligências no contrato depois que os auditores identificaram relações suspeitas da empresa com outro contrato na mesma modalidade com o Governo do Acre.

No relatório, o TCU afirmou que a Sesau aderiu à Ata de Registro de Preços decorrente do pregão eletrônico sob exame e celebrou o contato com a Medtrauma no valor de R$ 30,2 milhões com a previsão de utilização de recursos federais, conforme consta no Diário Oficial.

Em outubro do ano passado, a Secretaria de Saúde prorrogou por mais um ano o contrato com a empresa, que agora é válido até novembro deste ano.

Citada

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde informou que desde o surgimento das primeiras reclamações da paciente, a direção geral do HGR a orientou que procurasse o setor administrativo da unidade, para agendamento com o especialista em joelho. Contudo, de acordo com a pasta, a mulher não compareceu desde então.

“Deste modo, a unidade pede para que a paciente compareça até a direção geral do HGR para viabilizar a resolução do problema”, ressaltou a nota.

Fonte: Rádio 93 FM

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