Dezoito meses após a primeira morte por Covid-19, Roraima figura como o terceiro estado da região Norte com a maior taxa de mortalidade pelo vírus.
Os dados do Ministério da Saúde, coletados até ontem (14), revelam, portanto, um número preocupante. A média de mortes, por exemplo, é de 331,2 para cada 100 mil habitantes.
Roraima só está atrás de Rondônia (368,4) e Amazonas (331,8). Em termos proporcionais, o índice no estado pode ser considerado alto.
Para calcular a média até ontem, o ministério levou em consideração 2.006 mortes registradas em Roraima. Contudo, a taxa pode ser ainda maior, já que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) confirmou mais 10 óbitos.
O número está muito além da estimativa do governador Antonio Denarium (PP), feita em junho do ano passado. À época, ele disse que Roraima registraria apenas 300 mortes pela doença até o fim da pandemia.
A declaração ocorreu após a compra superfaturada de 30 respiradores, em março de 2020, durante a primeira onda da pandemia.
A Sesau pagou antecipadamente R$ 6,4 milhões para a empresa CMOS Drake, mas os aparelhos nunca foram entregues. Isso fez o então secretário da Saúde Francisco Monteiro ser exonerado do cargo.
Denarium disse que não sabia da compra e decretou intervenção jurídica na pasta. Além disso, exonerou diversos servidores. O caso segue em investigação na Justiça Federal.
Falta de medicamentos
Mas, a situação nos hospitais foi muito além do caso dos respiradores. Em março deste ano, o Roraima em Tempo mostrou famílias de pacientes internados por Covid-19 que precisaram ir até Manaus para comprar medicamentos.
A ida até o estado vizinho para comprar os insumos se deu pelo desabastecimento em Roraima. As famílias chegaram a comprar remédios no mercado clandestino, pois foi o único meio de consegui-los.
Entre os insumos em falta estavam sedativos e bloqueadores neuromusculares, essenciais para o tratamento e a sobrevivência dos pacientes.
Os familiares chegavam a desembolsar cerca de R$ 80 por ampola. Em um dos casos o paciente precisava de 80 delas para o tratamento.
A Sesau prometeu devolver o dinheiro gasto pelas famílias, porém a medida foi alvo de críticas pela população.
É que na maioria dos casos, para comprar os remédios, os familiares não tinham receita, e adquiriam sem nota fiscal, documento exigido pela secretaria.
Leitos para Covid-19
Já em julho deste ano, a falta de leitos no Hospital Geral de Roraima (HGR), a principal unidade de tratamento da Covid-19 no estado, esteve na mira de denúncias.
Naquele mesmo mês, a Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima (OAB-RR) enviou ao governo uma recomendação para ampliar os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no HGR.
No mesmo mês, a reportagem revelou que a unidade tinha leitos desativados, mesmo com o ‘colapso’ no sistema, citado pela OAB. Após as denúncias, o governo ampliou de 54 para 74 a quantidade de UTIs.
Em seguida, no mês de agosto, a Sesau fechou outros 24 leitos sob a justificativa de redução dos casos graves.
Contudo, funcionários da unidade classificaram a medida como “retrocesso”, pois, conforme eles, a demanda continua surgindo devido à pandemia.
Atualmente, o HGR tem 49 leitos, sendo que 14 deles estão ocupados. Dessa forma, a taxa de ocupação atingiu 29%.
Fonte: Da Redação