A Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) marcou uma reunião para esta terça-feira (8), em que será tratada a denúncia da morte de três bebês na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth por falta de diálise ou uso incorreto de equipamento do procedimento.
O grupo é composto pelos deputados Cláudio Cirurgião (União), Neto Loureiro (PMB), Dr. Meton (MDB), Gabriel Picanço (Republicanos), Joilma Teodora (Podemos), Jorge Everton (União) e Marcelo Cabral (Cidadania).
O encontro acontece após a primeira sessão plenária do segundo semestre da Casa Legislativa.
Entenda
Um médico denunciou ao Ministério Público de Roraima (MPRR) sobre a morte dos bebês na única maternidade do Estado. O documento também foi encaminhado ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
Conforme relatado pelo denunciante, a internação do primeiro recém-nascido ocorreu por pneumonia grave. A pediatra de plantão solicitou avaliação da nefrologia, que indicou diálise com urgência às 19h15 do dia 17 de julho. Contudo, às 13h do dia seguinte, o procedimento ainda não tinha acontecido, o que piorou o prognóstico do paciente. O bebê morreu em seguida.
O segundo recém-nascido foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, evoluindo com insuficiência renal aguda. O pediatra plantonista solicitou avaliação da nefrologia, que indicou diálise com início imediato às 12h35 do dia 19 de julho. No entanto, o procedimento só iniciou às 01h30 do dia seguinte.
Técnica inadequada
A denúncia mostra que às 20h, uma avaliação médica observou falhas graves no andamento da diálise. A solução usada para infusão na cavidade não estava em aparato correto e não estava sobre aquecimento e controle de temperatura, o que estava causando hipotermia na criança. Além disso, o técnico de enfermagem responsável pelo procedimento não estava no local e o cateter inserido no abdômen do bebê tinha especificação para adulto e foi adaptado, mesmo havendo cateter de tamanho adequado.
A situação continuava a mesma até às 6h30 do dia 21 de julho. Segundo a denúncia, o procedimento da forma que foi executado, com atraso de mais de duas horas e má técnica aplicada podem ter contribuído para a morte da criança.
Já a terceira criança foi internada na UTI pediátrica evoluindo com insuficiência renal aguda. A pediatra plantonista então solicitou avaliação da nefrologia, que indicou diálise com início imediato às 20h do dia 20 de julho com cateter adequado para neonato e não com cateter adulto adaptado. Além disso, a exigência era de que o procedimento fosse feito com balança de precisão para medir os fluidos de saída e entrada. Por outro lado, às 6h30 do dia 21 de julho, a criança ainda estava sem cateter e nem diálise.
A denúncia reforça que os pacientes com essas características, quando aplicada a técnica correta, tem chances de 25% a 50% de chances de se recuperar. Portanto, a possível narrativa de que a criança evoluiria de qualquer forma para óbito é rechaçada.
Fonte: Da Redação