Saúde

Conselho Indígena pede esclarecimentos de DSEI-Y sobre morte de criança Yanomami

O Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY) pediu esclarecimentos do Distrito Yanomami (Dsei-Y) após a morte da criança de 3 anos, na comunidade Xaruna, região do Parima, por falta de atendimento médico.

Conforme o presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari, o menino apresentava sintomas de malária e pneumonia. Por isso, a família solicitou resgate às 11h10 do dia 17 deste mês, mas o Dsei-Y só encaminhou helicóptero para atendimento às 17h. A criança faleceu antes da chegada da equipe médica após 6h de espera.

“A equipe do Parima avisou que não tinha combustível para remover a criança de barco, por isso pedimos o helicóptero. Mas, por causa da demora, a criança faleceu às 16h30. A população está assistindo nossa situação e o Governo Federal também. Essa situação foi negligenciada pelo Dsei-Y. O Distrito precisa de intervenção pois a saúde está fora do controle”, lamenta Hekurari.

No documento encaminhado ao Dsei-Y, o Conselho pede informações em até 24h sobre o motivo da falta de combustível e do atraso de quase 6h para resgatar a vítima. Da mesma forma, o Condisi-YY, solicita dados sobre planejamento do Distrito para atender a região.

“Os resgates devem ser realizados de imediato devido à urgência, e que todas essas remoções são resultadas das falhas em área, sejam por faltas de profissionais, medicamentos ou meio de transporte, cabe ressaltar que não existem justificativas cabíveis”, sustenta.  

Malária na Terra Yanomami

De acordo com o presidente do Condisi-YY, outras duas crianças diagnosticadas com malária foram resgatadas ontem (18) da comunidade Xaruna. Elas estão internadas em estado grave no Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista.

“Da mesma forma, outras estão na comunidade doentes. Eu não sei o que faço. Todas as autoridades tem conhecimento da nossa situação e sabem que estamos chorando. É muito triste”, lamenta Hekurari.

Conselho Indígena

Em outubro deste ano, o Conselho já havia informado a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e o Ministério Público Federal (MPF) sobre a situação da Saúde na Terra Yanomami.

No dia 1º do mesmo mês, um homem de 50 anos morreu com malária na comunidade Macuxi Yano. Ainda conforme o documento, a morte ocorreu por negligência, já que no dia 25 de setembro o DSEI-Y retirou as equipes médicas do local, sem diálogo com a comunidade.

Conforme o MPF, no início de 2021 o número de casos de mortalidade infantil foi de 133,3, sendo a maioria por malária.

Diante disso, em menos de dois anos, a Terra Yanomami registrou cerca de 44 mil casos da doença na população. De acordo com o MPF, somente em 2020, a região teve 47% de todos os casos de malária em Terras Indígenas brasileiras.

Medidas

No dia 15 deste mês, o MPF solicitou à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI Yanomami) um plano de reestruturação da saúde dos povos indígenas, no prazo de 90 dias.

De acordo com o Ministério, os órgãos receberam cerca de R$ 190 milhões para prestação de serviços nos últimos dois anos. Contudo, a saúde indígena apresentou pioras nos indicadores.

Três dias após o pedido, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Governo Federal detalhe no prazo de cinco dias a situação do povo Yanomami. O STF também pediu que o Executivo assegure condições de saúde às comunidades.

Citado

O Roraima em Tempo entrou em contato com o Dsei-Y e aguarda resposta.

Fonte: Da Redação

Yara Walker

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