Jornalista denuncia violência obstétrica na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth

Mulher teve hemorragia e precisou de 4 bolsas de sangue; útero inverteu após três médicos tentarem retirar a placenta

Jornalista denuncia violência obstétrica na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth
Maternidade Nossa Senhora de Nazareth – Foto: Divulgação/Secom-RR

O jornalista Felipe Medeiros usou as redes sociais neste fim de semana para relatar a violência obstétrica que sua esposa Natalia Fuhrmann sofreu na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth. A mulher teve bebê na unidade há 30 dias.

Conforme ele, o útero dela inverteu após tentativa de retirada da placenta. Três médicos realizaram o procedimento. Assim, Natália teve hemorragia e precisou de quatro bolsas de sangue.

“O útero inverteu após uma tentativa agressiva, desumana e, repito, sem comunicação do procedimento que estava sendo feito por três médicos ultrapassados, grosseiros e arrogantes. Por pouco ela não perdeu o útero aos 23 anos”.

Felipe relatou ainda, que, como resultado da experiência traumática, Natália não conseguiu produzir leite. Além disso, após o parto, a família passou 30 dias reclusa em casa no que ele considerou como “em um processo de cura”.

“Foi difícil aguentar, tratar e lembrar. Ainda é! O silêncio me corroeu ao longo desses 30 dias. Me sufocou não poder dizer que os médicos que estão no sistema para cuidar, fazem o contrário – te adoecem, te causam traumas, te desrespeitam, te agridem (verbalmente e fisicamente), tratam mal e violam teu corpo (teu templo)”, escreveu o jornalista.

Trauma

A Maternidade Nossa Senhora de Nazareth já funciona em um local inapropriado. Sob tendas e lonas, mulheres trazem seus filhos ao mundo em Boa Vista há quase dois anos.

O parto é um momento de grande espera e expectativa para os pais. Mas o que muitos relatam são traumas.

Assim, como disse o jornalista Felipe Medeiros a esta redação, ali “eles tiram o protagonismo da mulher”. Porque o momento de dar à luz, é uma bênção para a mulher e a criança.

Natália também se posicionou na publicação do marido. Ela repudiou os três médicos que atuaram em seu procedimento. E, do mesmo modo, comentou sobre violência obstétrica.

“Muito se fala fala sobre a violência obstétrica mas… é difícil… quando você tá ali no meio dela, sofrendo, você não tem reação. Ninguém sabe o que fazer”.

E realmente, Natália tem razão. Como reagir a uma violência cometida por pessoas que têm a tua vida e a de teu filho nas mãos?

Sororidade

Na publicação do jornalista, várias mulheres relataram ter sofrido violência obstétrica. Outras demonstraram indignação. E muitas mulheres apoiaram Natália. Dezenas curtiram seu comentário que demonstrou força e sabedoria diante da violência que sofreu.

Orações e desejos de recuperação também estão incluídos nos comentários. Enfim, muitas mulheres de colocaram no lugar de Natália. E outras, reviveram, com a história dela, momentos de dor e tristeza que passaram na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth.

Citado

A reportagem procurou o Governo de Roraima para esclarecimentos sobre a denúncia do jornalista. Confira a nota na íntegra:

A Secretaria de Saúde tomou conhecimento dos fatos relatados por meio da imprensa. Ressalta que vai apurar a denúncia e se põe à disposição da paciente e família para ajudar no que for possível.

Dessa forma, o corpo técnico avaliará todos os procedimentos realizados e tomará as medidas cabíveis, caso seja constatada alguma irregularidade no atendimento.

Informa que, assim que for finalizada toda a apuração, vai se pronunciar sobre o caso.

Fonte: Da Redação

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