
O Ministério da Saúde vai incorporar duas novas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês. A medida faz parte de uma estratégia para reduzir a mortalidade infantil associada ao vírus, por meio da imunização ativa de gestantes e bebês prematuros.
Os estudos mostram que a vacina para gestantes pode prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais. Dessa forma, a estratégia combinada irá proteger cerca de 2 milhões de bebês em seus primeiros meses de vida, idade mais vulnerável a complicações.
O vírus sincicial é associado a casos de bronquiolite. “A introdução dessas tecnologias representa um avanço significativo na proteção das nossas crianças, com redução das internações diante do alto número de casos. É um marco da nossa política de imunização e no cuidado de gestantes e bebês”, destaca a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
As tecnologias recomendadas são o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para proteger bebês prematuros e crianças até 2 anos nascidas com comorbidades. E a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B, dada em gestantes para proteger os bebês nos primeiros meses de vida. Ambas foram avaliadas durante a 137ª Reunião Ordinária da Conitec , que considerou o impacto positivo dessas medidas na prevenção de hospitalizações, assim como óbitos infantis.
A portaria do Ministério da Saúde incorporando as duas tecnologias será publicada nos próximos dias. Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Carlos Gadelha esse é um importante avanço para o SUS. “Isso mostra a ciência à serviço da saúde da população brasileira. Se quisermos ter o SUS como um sistema universal, bem-estar social e sustentabilidade ambiental, precisamos colocar o mundo material e o mundo da economia a serviço da vida da nossa população”, ressaltou.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde indicam que o VSR é responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite e até 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos. Estima-se que uma em cada cinco crianças infectadas necessite de atendimento ambulatorial, enquanto uma em cada 50 fique hospitalizada no primeiro ano de vida. Entre 2018 e 2024, foram registradas 83.740 internações de bebês prematuros (menos de 37 semanas) devido a complicações relacionadas ao vírus, como bronquite, bronquiolite e pneumonia.
Até então, a principal opção disponível para a prevenção do VSR no SUS era o palivizumabe, destinado a bebês prematuros extremos (com até 28 semanas de gestação) e crianças com até dois anos de idade que apresentassem doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita grave. Com a incorporação do nirsevimabe, a expectativa então é ampliar a proteção para 300 mil crianças a mais do que o protocolo atual. Além disso, a vacina para gestantes tem potencial para beneficiar cerca de 2 milhões de nascidos vivos.
Entenda as tecnologias
O nirsevimabe é um anticorpo monoclonal que fornece proteção imediata contra o VSR. Sem necessidade de estimular o sistema imunológico da criança a produzir seus próprios anticorpos. Isso o torna especialmente útil para bebês prematuros, bem como para crianças com menos de dois anos que apresentam comorbidades.
Já a vacina recombinante contra os vírus sinciciais A e B induz uma resposta imunológica na mãe, garantindo que o recém-nascido receba anticorpos já na gestação, oferecendo assim proteção nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade.
Fonte: Agência GOV