Saúde

Servidores do HGR enviam abaixo-assinado à Sesau e pedem providências sobre a alimentação servida na unidade

Servidores do Hospital Geral de Roraima (HGR) encaminharam à redação um abaixo-assinado com cerca de 130 nomes de funcionários, de diversos setores, insatisfeitos com a alimentação fornecida pela MeioDia Refeições. O documento, onde eles pedem providências à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), é datado no dia 10 de dezembro de 2022.

Nos últimos dois dias, o Roraima em Tempo repercutiu reportagens sobre a má qualidade da comida da empresa, além de uma vistoria que revelou irregularidades sanitárias no prédio onde são produzidos os alimentos.

Conforme os servidores, o abaixo-assinado foi enviado à Secretaria de Saúde (Sesau), no entanto, nenhuma providência foi executada.

“Nós, servidores do Hospital Geral de Roraima – HGR, viemos manifestar a nossa insatisfação em relação a qualidade da alimentação dispensada aos servidores, pela empresa meio-dia, alimentação de baixa qualidade. Diante dessa situação, solicitamos providências […]”, disse um trecho da demanda.

Larva, grampo e unha postiça

Relatórios acessados pela reportagem nesta terça-feira (7) revelaram a falta de qualificação da empresa MeioDia Refeições para fornecimento de alimentação aos pacientes e servidores da Saúde de Roraima.

Conforme um dos documentos, assinado por um nutricionista do HGR, no dia 14 de dezembro de 2022, foi servido um pão contaminado com larva, durante o lanche da manhã, a um paciente internado no Bloco E.

Larva encontrada no pão de paciente do Bloco E – Foto: Arquivo

Já no relatório datado no último dia 24 de janeiro, o nutricionista informou que um servidor encontrou dois objetos estranhos (semelhantes a um grampo e uma unha postiça) na alimentação servida pela empresa.

Dessa forma, devido aos reiterados relatórios, o nutricionista sugeriu a suspensão do contrato com a empresa MeioDia.

“Com isso, reitero a necessidade de aplicação de sanções ou a suspensão de contrato devido ao grande risco de danos à saúde de pacientes e servidores da unidade“, completou.

Ele encaminhou os documentos à Coordenadoria Geral de Administração da Secretaria de Saúde (Sesau). Contudo, em nota, a pasta afirmou que desconhece qualquer fiscalização sanitária ou produção de relatório sobre o assunto.

Vistoria na produção da alimentação

Além dos relatórios do nutricionista, na última segunda-feira (6), a reportagem divulgou detalhes de uma vistoria realizada empresa MeioDia Refeições. O prédio, onde ocorre a produção da alimentação que é distribuída para 28 unidades de saúde do Estado, apresentou irregularidades sanitárias.

As informações estão descritas no Relatório Técnico Nº 001/2023/NP/Alimentos, assinado no dia 15 de fevereiro por uma médica veterinária e uma agente sanitária. As fiscais são do Departamento de Vigilância Sanitária Municipal de Boa Vista.

“A empresa apresentou à equipe de fiscalização, cópia da Licença Sanitária Nº 759/2022, com validade até 30/04/2023. Durante a inspeção, constatou-se que o estabelecimento apresenta não conformidades sanitárias que precisam ser sanadas, conforme determina a legislação sanitária pertinente”, diz trecho do documento.

Piso e ralos estão danificados e mal conservados – Foto: Arquivo

Outras irregularidades na produção da alimentação hospitalar

Iluminação está deficiente e há buracos no telhado – Foto: Arquivo

Igualmente, o relatório da vistoria apontou que o ambiente não tem local de conforto nem depósito de material de limpeza. Dessa forma, as fiscais identificaram a necessidade de melhorias nas instalações sanitárias e a necessidade de intensificar o controle de pragas.

Ademais, o relatório recomendou a apresentação dos seguintes documentos: providenciar Manual de Boas Práticas de Fabricação (BPF), estando o manual disponível aos funcionários e às autoridades sanitárias; providenciar Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) com instruções sequenciais das operações e a frequência de execução, de todas as áreas do estabelecimento contemplando todas as etapas de execução.

E, do mesmo modo: apresentar registro das capacitações dos colaboradores; apresentar Plano de Manutenção e Operação de Ar condicionado (PMOC); tal qual, apresentar contrato com empresa que executa controle de pragas e vetores; apresentar Plano de Gerenciamento de Resíduos; apresentar contrato com reserva técnica, bem como comprovação de regularidade junto ao conselho de classe; e apresentar comprovação de controle de saúde dos colaboradores.

Processo administrativo

Essa não é a primeira vez que a MeioDia Refeições se envolve em polêmicas. A empresa responde a um Processo Administrativo (PAD) dentro da própria Sesau após fiscais reprovaram a alimentação que a empresa fornecia a partir de um outro contrato no HGR, bem como do Hospital das Clínicas.

Anteriormente a esta sanção, a empresa já havia sido notificada nove vezes pela má qualidade da alimentação. Entretanto, o governador Antonio Denarium (PP) não chegou a assinar o documento que determinou a suspensão da empresa para participar de licitações, assim como o impedimento de contratar com a Sesau por dois anos.

O processo administrativo contra a empresa ficou então parado na Casa Civil desde o dia 1º de abril de 2022, até o dia 18 de outubro do mesmo ano. Enquanto isso, um novo processo licitatório tramitava na Sesau para a contratação do mesmo serviço.

Última movimentação do processo foi de 24 de fevereiro depois de mais 4 meses parado

Desse modo, em 30 de agosto de 2022, a Sesau contratou novamente a firma num valor de R$ 35, 5 milhões.

Ao passo que iniciou outro contrato em meio um PAD, a empresa causou revolta a um paciente do HGR que encontrou uma mosca na comida. A denúncia é do dia 27 de outubro de 2022.

“Você já tá doente, com dor e ainda tem que encarar uma comida dessa no Hospital Geral de Roraima. Sacanagem, oh!”, descreveu o paciente nas redes sociais.

Citada

Por meio de nota, a empresa MeioDia, negou as denúncias. E disse ainda que não há relatos de surto alimentar. Ou então que foram provocados em razão da alimentação que a empresa fornece. Por fim, ela disse também que foi a responsável por fornecer mais de 5 milhões de alimentações distribuídas à Sesau.

Fonte: Da Redação

Lara Muniz

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