Artistas de Roraima denunciaram ao Roraima em Tempo, nesta terça-feira (17), a suspeita de desvios de recursos em contratos da Governo de Roraima por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult). Os denunciantes preferiram não se identificar por medo de represálias.
Conforme a denúncia, desde outubro do ano passado a classe notou irregularidades nas contratações para eventos. Entre as suspeitas estão os pagamentos em duplicidade, além de contratação de bandas que estão inativas. Todos os contratos estão em nome do representante Ronaldo M. da Silva-ME.
Um dos contratos é de um evento do governo, realizado em outubro do ano passado. Das nove atrações, seis estão contratadas para dois shows para o mesmo dia. Cada atração custou R$ 6 mil aos cofres públicos, totalizando R$ 96 mil.
No entanto, de acordo com o denunciante, uma das atrações não estava em atividade e outras alegam não ter recebido o valor correto pela apresentação.
“Eles achavam que tinham sido contratados pra fazer só uma apresentação. Quando eles foram ao Diário Oficial, viram que os nomes deles estavam com duas apresentações. Então eles ficaram chateados, por quê? Porque se sentiram enganados. Alguns deles alegam que na verdade a banda nem está mais em atividade e, mesmo assim, usaram o nome da banda deles para conseguir recurso”, denunciou.
Artistas prejudicados
Casos semelhantes já ocorreram em outros eventos. Em um deles, realizado em novembro de 2020, o governo contratou as mesmas três bandas para se apresentar em dois dias de evento. No total, os contratos custaram R$ 36 mil.
“O que a gente gostaria de saber de enquanto artista do por quê que isso está acontecendo? Qual é a justificativa? Por que que está sendo feito o pagamento dessa forma? E por que que alguns artistas não estão sabendo, não estão sendo informados e o nome dele está sendo colocado como duas apresentações? Por que que essas pessoas não receberam?”, questionou.
Por isso, a classe busca diálogo com a pasta e exige uma reunião com o governador de Roraima Antonio Denarium (Progressistas). O denunciante ressaltou ainda que muitos músicos ficaram sem renda durante a pandemia e se sentem prejudicados com as irregularidades, contudo não denunciam pois temem represálias.
“A gente sabe que realmente está num período difícil. Muitos deles estão se recuperando das dívidas porque muitos tiveram que fazer empréstimo. A gente passou por muita dificuldade nessa pandemia. Eles têm medo de denunciarem e cortarem de todos os eventos, assim não vão mais tocar”, disse.
Além disso, em outra publicação do Diário Oficial do Estado do dia 26 de novembro, há uma contratação para um evento no valor de R$ 5.900,00. Porém, o denunciante afirma que o evento não existiu.
“A sociedade precisa receber uma explicação desses órgãos porque está sendo usado os impostos do contribuinte. Não é dinheiro aleatório, esse é o dinheiro que sai de mim, que sai de você. Entendeu? Então, por que esse dinheiro está sendo dado desse jeito? Quem foi que autorizou fazer dessa forma?”, finalizou.
Outro lado
A Secult informou em nota que o edital de credenciamento prevê apresentações de 1h30, por esse motivo em eventos onde as apresentações superam as 3h de duração ocorre a contabilização de duas apresentações.
“Quanto a contratação de bandas que não estão em atividade, a Secretaria de Cultura e Turismo, define por meio de sorteio os artistas que atenderão as apresentações culturais do calendário previsto, desse sorteio participam todos os credenciados que tenham disponibilidade em executar o serviço”, completou.
Além disso, afirmou que está aberta para diálogo e esclarecimentos. Por outro lado, a reportagem não conseguiu contato com o representante dos artistas, o espaço está aberto para manifestação.
Fonte: Da Redação