Fluxo migratório cresce com reabertura da fronteira

Entre 10 e 15 de julho, cerca de 1,3 mil venezuelanos chegaram ao posto de triagem em Pacaraima

Fluxo migratório cresce com reabertura da fronteira
Reabertura trouxe milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade – Yara Walker/Roraima em Tempo

O fluxo migratório de venezuelanos se intensificou nos últimos dias, depois de o Governo Federal autorizar a reabertura da fronteira com a Venezuela, 

Roraima em Tempo registrou, nesta quinta-feira (15), um grande número de imigrantes, que buscam no país vizinho a oportunidade de recomeçar a vida do zero.

No dia 18 de março de 2020, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu bloquear a entrada de venezuelanos devido à pandemia da Covid-19.

Contudo, o fluxo nunca foi totalmente interrompido, já que os estrangeiros usavam rotas clandestinas – as trincheiras – para chegar até o Brasil.

Após mais de um ano, o trânsito entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén foi autorizada no dia 24 de junho. Desde então, vídeos e imagens mostram milhares de pessoas à espera de legalização.

Para se ter uma ideia, entre 10 e 15 de julho, cerca de 1,3 mil venezuelanos chegaram a Pacaraima.

Informações de oficiais do Exército, desse total, 200 já foram atendidos e seguiram viagem do lado brasileiro. Outros 1,1 mil aguardam atendimento. A lentidão ocorre por falta de vacinas, que já foram repostas.

Rudhcelys Lezama é policial e veio da cidade de Puerto Ordaz para o Brasil com o esposo Renier Silva. Além de vender móveis e fechar a casa, os dois percorrem 622 km em busca de emprego e esperam na fronteira há oito dias.

“Chegamos na sexta-feira [9 de julho]. Hoje, organizaram e nos deram um número [senha]. O apoio do Exército e da Polícia Federal tem sido maravilhoso, eles nos tratam muito bem, mas o processo está sendo lento, tem muitas crianças pequenas, muita gente. Essa situação está mal”, lamentou.

Fluxo migratório

A crise política, econômica e humanitária causada elo governo de Nicolás Maduro levou à migração mais de cinco milhões de pessoas.

Mais de 800 mil já pediram refúgio em diversos países ao redor do mundo. Colômbia e Brasil são os principais destinos por fazerem fronteira com a Venezuela.

Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com o Observatório das Migrações Internacionais (OMI), mostram que Roraima concentrou 81,6% dos pedidos de refúgio no país por causa da migração venezuelana.

Isso coloca Pacaraima como a cidade número um em registro de entrada de estrangeiros, onde o movimento é composto por centenas de famílias.

Elas buscam refúgio no lado brasileiro devido a essa crise que se estende desde 2014, quando começou a escassez de comida, remédio e outros itens básicos de sobrevivência.

“As pessoas continuam deixando a Venezuela para escapar da violência, da insegurança e das ameaças, assim como da falta de alimentos, remédios e serviços essenciais”, avalia a Organização das Nações Unidas (ONU).

Reabertura e triagem

Quando a reabertura da fronteira foi autorizada, a Casa Civil do Governo Federal explicou que a decisão era para ajudar na legalização de estrangeiros, e intensificar o processo de interiorização.

A Operação Acolhida informou que inicialmente o número de imigrantes a passar pelo Posto de Triagem na fronteira seria de no máximo 100 por dia.

Roraima em Tempo divulgou que 1,3 milhão de imigrantes foram atendidos no Posto de Interiorização e Triagem localizado em Pacaraima desde 2018. Eles passam por aplicação de vacinas e regularização de documento.

Conforme a Acolhida, desde fevereiro venezuelanos passam por testa de Covid-19. Já foram feitos mais de 10 mil testes realizados e os “suspeitos e confirmados são imediatamente isolados e tratados”.

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