Ribeirinhos do Baixo Rio Branco dizem que o empresário Victor Vilanova não vai entrar na região para explorar a pesca esportiva sem fazer um acordo com os moradores. A declaração foi dada hoje (26) ao Roraima em Tempo.
Vilanova chamou os ribeirinhos de “vagabundos” por protestarem contra a autorização cedida pelo governo à Vilanova Amazon Agência De Viagens LTDA, do Paraná. O jornal publicou a declaração com exclusividade.
Conforme Júlio Araújo, morador da comunidade Caicubí, Victor Vilanova é irresponsável e não tem compromisso com as comunidades do Baixo Rio Branco.
Ainda de acordo com ele, mesmo com a licença, o empresário está proibido de pescar na comunidade e será expulso caso apareça na região.
Reunião com o Governo
De acordo com Júlio, os moradores fizeram uma reunião no dia 20 de setembro com o governo para pedir a suspensão da licença da empresa de Vilanova.
No entanto, conforme o morador, o governo deveria se pronunciar até sábado (25), mas ainda não deu uma resposta.
Dessa forma, eles falam que o Antonio Denarium (PP) não deveria ter cedido a licença sem antes conversar com os ribeirinhos.
“Estamos sendo prejudicados porque o governador cedeu [a licença]. Ele deveria ter nos consultado antes de ter dado essa licença. Não admitimos que um cidadão que não tenha compromisso venha tirar renda da nossa família”, disse.
Ofensas e investigação
No dia 14 deste mês, Vila Nova chamou ribeirinhos do Baixo Rio Branco de “vagabundos” por protestarem contra a licença. A declaração veio após o Roraima em Tempo procurá-lo para falar sobre a insatisfação dos ribeirinhos.
Além disso, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) investiga Vilanova por crime ambiental. Desde maio deste ano, o órgão apura desmatamento na região do Rio Jufaris, nas comunidades Caburis e Caju.
O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipam) disse ao Ministério Público que Vilanova não tinha licenças ambientais para atuar na região.
Indignação e ameaças
Segundo Júlio Araújo, a fala do empresário chocou os moradores da região que se sentiram desrespeitados.
“É uma indignação muito grande, de nós do Baixo Rio Branco a respeito de como o empresário se pronunciou ao nosso respeito”, relatou.
Antes de conseguir a licença, Vilanova já havia sido expulso da Vilas Canauanim e Caicubí por coagir a população.
Conforme o morador da comunidade Terra Petra, Eliezio Vasconcelos, os moradores haviam proibido Vilanova de pescar em Canauini, pois ele tinha ameaçado os ribeirinhos.
“Além disso, ele é um mau pagador. Foi expulso de Caicubí, por isso, ele se revoltou, e pediu a licença. Infelizmente, conseguiu. Ele não pagava os funcionários e chamou todos de vagabundos”, contou.
Citados
A Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) disse que emitiu a licença dentro da legalidade, de acordo com a legislação, e que os empresários interessados na pesca esportiva podem regulamentar a atividade.
“Esclarece que no processo de licenciamento está inserido um abaixo assinado da comunidade apoiando a instalação da empresa”, diz.
Segundo a Femarh, os técnicos ambientais foram ao Baixo Rio Branco e conversaram com a comunidade que apoiou a empresa.
O governo disse ainda que não existe restrição de outras empresas atuarem, mas que precisam estar regularizadas “para gerar emprego e renda com responsabilidade ambiental”.
A reportagem tentou contato com Victor Vilanova acerca dos pronunciamentos dos ribeirinhos, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.
Por Redação