Roraima tem previsão de enfrentar a estiagem mais severa dos últimos 20 anos e o grupo governista está preocupado em ‘tomar’ a Prefeitura

Assim como na última estiagem, não há movimentação de um trabalho preventivo com criação de comitê, planejamento de monitoramento e fiscalização efetiva e etc…

Roraima tem previsão de enfrentar a estiagem mais severa dos últimos 20 anos e o grupo governista está preocupado em ‘tomar’ a Prefeitura
Governador Antonio Denarium – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Verba para estiagem

O Governo Federal vai enviar R$ 11 milhões para Roraima e Amazonas. Conforme as previsões, o atual período de estiagem na Amazônia será o mais severo em 20 anos. Basta comparar o inverno roraimense. As chuvas deveriam se entender até setembro, mas estamos em 22 de agosto e já faz dias que não chove. Além disso, as temperaturas subiram consideravelmente. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), “de janeiro a julho de 2024, a seca na Região Norte causou mais de R$ 1,1 bilhão em prejuízos. A maior parte deste valor – 85% – refere-se ao setor agrícola, já impactado em mais de R$ 933 milhões”.

Consequências

Há poucos meses, Roraima enfrentou uma das maiores estiagens dos últimos anos, que trouxe sérias consequências para os roraimenses. De janeiro a abril, o estado registrou quase 4.500 focos de incêndio. Somente no mês de fevereiro foram 2.057. A capital vivias coberta de fumaça e muitos foram os prejuízos para pequenos produtores. Depois vieram as chuvas. Mas antes disso, as ondas de calor intensas e a estiagem provocaram a proliferação de ervas daninhas nos pastos. Elas então enfraqueceram a vegetação e levaram à morte animais que seriam seus predadores naturais como insetos e anfíbios. Foram essas plantas invasoras e o desequilíbrio da fauna que atraíram as lagartas para os pastos no início do período chuvoso, em maio. As lagartas consumiram mais de 54 mil hectares de pastagens e os bovinos que estavam nestes pastos, morreram de fome. De acordo com levantamento do site Agroband, forma mais de 7 mil.

Sem planejamento

Instituições meteorológicas anunciavam a previsão de estiagem desde meados de 2023. A previsão era de que o fenômeno El Niño tomasse força e provocasse a estiagem na região Norte. O que se concretizou. Porém, apesar dos avisos da ciência, o Governo de Roraima não atuou de forma preventiva para evitar ou amenizar danos como esses da lagarta. Se quer se ouvia movimentação dos órgãos como Defesa Civil Estadual, Fundação de Meio Ambiente e etc. O resultado foram mais de 7 mil bois mortos, diversas plantações queimadas, assim como casas invadidas pelo fogo no interior de Roraima e muito mais.

Liberou queimadas

Mesmo com o estado literalmente em chamas, a Fundação de Meio Ambiente (Femarh) liberou 55 licenças para queimada de pastos em Roraima em fevereiro, o mês de maior registo de focos de incêndio (veja acima). As licenças foram concedidas para grandes pecuaristas da região e amigos do governador Antonio Denarium. Uma nuvem de fumaça tomou conta de Boa Vista e a Prefeitura decretou emergência, assim como vários outros municípios. Enquanto isso, o Governo pedia para que as pessoas fechassem as portas e ligassem as centrais de ar-condicionado no mínimo para não inalar muita fumaça.

Poucos bombeiros e sem contratar brigadistas

Enquanto Roraima pegava fogo, a população pôde descobrir o quanto o Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBM-RR) esta despreparado com pessoal para situações como essa, mesmo que previstas. O próprio Governo chegou a anunciar, em uma publicação esdrúxula com intuito apenas de promoção da gestão, que 364 bombeiros trabalhavam incansavelmente para combater os focos de incêndios espalhados por todos os municípios de Roraima. O que causou revolta na população. Em contrapartida,  240 brigadistas aprovados em seletivos e treinados pelo próprio CBM-RR faziam manifestação para serem convocados para ajudar os bombeiros. O Ministério Público Estadual, assim como o MP de Contas cobraram as contratações ao Governo. Este último entrou até com medida cautelar no Tribunal de Contas (TCE-RR). As contratações ocorreram bem depois e apenas de uma parte dos brigadistas.

E a água?

O fornecimento de água também não teve um trabalho preventivo e o serviço da Caer, que já era muito ruim, ficou pior. Em março, James Serrador, presidente da Caer afirmou durante coletiva que Roraima poderia passar por um racionamento de água, já que o nível do Rio Branco tinha atingido a marca de -38cm. James, que é indicado do senador Mecias de Jesus ao cargo, chegou a pedir para que a população economizasse água. Depois, a companhia começou a perfurar poços para amenizar o problema. Enquanto isso, a população sofria com a cidade tomada de fumaça e foligem e com a falta de água.

Perguntas

O que o Governo do Estado está fazendo para evitar grandes danos como os deste ano? O Governo Federal já se antecipou e anunciou envio de R$ 11 milhões. O que O Estado vai fazer com este dinheiro? A Fundação de Meio Ambiente tem investido bastante em divulgação. E o assunto mais divulgado é emissão de licenças. Há seis dias, a instituição ambiental divulgou um vídeo sobre os efeitos das mudanças climáticas e disse que está trabalhando preventivamente para mitigar esses danos. Mas nenhuma palavra sobre a criação de um comitê, sobre educação ambiental nas escolas, sensibilização de grandes produtores quanto às queimadas e muito menos o que foi feito com os R$ 7 milhões que o Governo Federal enviou na estiagem passada, após Denarium decretar emergência.

Sem fiscalização eficiente

Também não há divulgação de um plano de fiscalização, como por exemplo, a fiscalização 24h que é um pedido antigo dos analistas da própria Femarh. E, do mesmo modo, não há notícia sobre a contratação de brigadistas e de concurso para bombeiros para ajudar aqueles tristes 654 profissionais que dão a vida durante as queimadas em Roraima e trabalham de forma sobrecarregada.

Enquanto tudo isso acontece, o grupo governista está focado na cassação de Denarium e em ‘tomar’ a Prefeitura de Boa Vista. Denarium agora vive mais em Brasília que em Roraima tentando se segurar no cargo e seus aliados tentam derrubar Nicoletti para impor Catarna como candidata de um partido que nem deles é. E o povo de Roraima está assistindo tudo isso e esperando uma solução para a estiagem que se aproxima.

Fonte: Da Redação

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