Assembleia recorre, mas Justiça mantém suspensão de calamidade por Covid em RR

Juiz entendeu que justificativas da Assembleia Legislativa não são suficientes

Assembleia recorre, mas Justiça mantém suspensão de calamidade por Covid em RR
Foto: Divulgação TJRR

A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) recorreu da decisão da Justiça que suspendeu o decreto de calamidade por Covid-19 em Roraima. Contudo, na quarta-feira (13), a Justiça negou o pedido e manteve a suspensão.

Entre os argumentos, a ALE-RR sustentou que o autor da ação é servidor público. Conforme o texto, o que o impede de mover ação contra a fazenda pública que o remunera.

A Casa Legislativa também alega que a suspensão do decreto “inviabilizou todas as políticas públicas voltadas para o enfrentamento da pandemia de Covid-19”.

Apesar das justificativas, o juiz Antonio Augusto Martins Neto entendeu que elas não são suficientes. Contudo, observou os danos que a continuidade do estado de calamidade pode causar para o povo de Roraima.

“…pois a manutenção dos efeitos do Decreto ora combatido pode causar danos graves à coletividade, dada a possibilidade da prática de atos administrativos irreversíveis, que possam causar dano ao patrimônio público”.

Suspensão do decreto de calamidade

A Justiça de Roraima determinou a suspensão do decreto de calamidade no dia 05 de abril após ação popular movida pelo advogado Jorge Mario Peixoto de Oliveira.

Para a decisão, o juiz Aluizio Vieira Ferreira entendeu que não há cenário que justifique a manutenção do estado de calamidade. Dessa forma, entre as medidas tomadas pelo próprio governo, ele citou a revogação do decreto estadual que obrigava o uso de máscaras.

“Primeiro, em razão das outras atitudes tomadas pelo Poder Executivo Estadual que dão a entender que o combate à Pandemia está, senão no fim, próximo ao fim, sendo que uma das únicas medidas sanitárias ainda vigentes era o uso de máscara em locais fechados, que no dia de ontem, por meio do Decreto n. 31.883-E, de 04 de abril de 2022, deixou de ser obrigatório”.

Do mesmo modo, o magistrado considerou a liberdade de gastos públicos, bem como a ausência de pressupostos que justifiquem a extensão por mais um ano.

“Em outras palavras, decretar estado de calamidade pública autoriza o Chefe do Poder Executivo a adotar política fiscal e financeira para o combate a Pandemia. Ou seja, não é necessário que se observe a Lei de Responsabilidade Fiscal para efetuar os gastos. Embora os anos de 2020 e 2021 tenham sido desafiadores aos governantes, no que diz respeito ao combate dos efeitos diretos e indiretos que o Coronavírus causou, a princípio, não é o que se depreende neste 2º bimestre do ano de 2022”.

O decreto de calamidade

No dia 8 de março, a Assembleia aprovou, a pedido do governador Antonio Denarium (PP) a extensão do decreto de calamidade por Covid-19 até 31 de dezembro.

O decreto está em vigor desde março de 2020, com o intuito de assegurar ações de combate aos impactos causados pela pandemia.

Verbas da Covid e Escândalos

Com a continuidade do decreto de calamidade, o governo pode seguir a realizar compras sem licitações. Além disso, fica livre de uma série de exigências fiscais, o que fragiliza a fiscalização da aplicação dos recursos públicos.

Outra vantagem é que o governo fica apto a receber verbas da Covid-19 do Governo Federal. Além disso, também pode receber custeamento de leitos de UTI, entre outros benefícios financeiros.

Contudo, a Secretaria de Saúde (Sesau), responsável por gerenciar os recursos da pandemia, é alvo de investigações da Polícia Federal (PF) por desvio de verbas justamente da Covid.

Em 2020, por exemplo, a Polícia Federal (PF) realizou a Operação Desvid-19, em que flagrou o senador Chico Rodrigues (DEM) com R$ 33 mil na cueca. A PF indiciou o senador pelo caso.

A Controladoria Geral da União (CGU), suspeita que Chico Rodrigues participou de um esquema armado para o desvio de cerca de R$ 20 milhões da Sesau.

A Sesau é alvo de investigações, sobretudo, por suspeita de contratos ilegais para desviar o dinheiro público.

Também em 2020, a PF deflagrou a Operação Vírion que apura lavagem de dinheiro. A suspeita, é de um total de R$ 20 milhões de desvio.

A polícia cita que as fraudes começaram em 2019, já na gestão de Denarium. Chico Rodrigues (DEM), Mecias de Jesus (Republicanos) e Telmário Mota (Pros) fazem parte dos esquemas, de acordo com a PF.
Telmário, inclusive, acionou a Justiça contra jornalistas que publicaram reportagens sobre o caso. Contudo, perdeu a ação.

Fim da pandemia de Covid

Antes de os deputados aprovarem a continuidade do decreto em Roraima, o Ministério da Saúde já havia anunciado que estuda o rebaixamento do status da pandemia para endemia no país.

Após a aprovação do decreto de calamidade, o governador resolveu fechar o Hospital de Retaguarda, exclusivo para pacientes de Covid-19.

A Sesau também decidiu transferir o atendimento dos casos suspeitos do HGR para o Pronto Atendimento Cosme e Silva, no bairro Pintolândia.

Além disso, os números de casos e mortes por Covid-19 haviam reduzido consideravelmente. Por outro lado, este é o sétimo dia consecutivo que Hospital Geral de Roraima (HGR) não registra internações novas em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os dados são o boletim desta segunda-feira (04) de abril.

Fonte: Da Redação

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