“Hoje, quem mais está morrendo de Covid-19 são os jovens”. O alerta é da superintendente de Vigilância em Saúde de Boa Vista, Francinete Rodrigues, em meio à baixa procura dos jovens pela vacina.
A declaração vem acompanhada de dados preocupantes aos quais o Roraima em Tempo teve acesso hoje (16).
E a tendência de mortes pelo vírus cresceu no Brasil nos últimos meses. Registros de cartórios pelo país inteiro mostram que a Covid-19 prevaleceu como maior causa de mortes entre os jovens.
Mesmo que a vacina não impeça de contrair o vírus, o caminho para evitar mais mortes são os imunizantes. Eles são altamente eficazes para redução da gravidade dos sintomas, as hospitalizações e os óbitos.
Jovens resistem
Contudo, nas últimas semanas, a reportagem expôs que as fake news e o medo das reações às vacinas estavam entre os fatores mais comuns para a queda na imunização.
Agora, Francinete também acredita que a desinformação de que os jovens são mais resistentes à doença pode ter contribuído com o desinteresse pelo imunizante.
“A vacina não impede de contrair a doença, mas diminui os riscos de agravamento e óbitos. Por isso, reforçamos a necessidade da população estar vacinada”, disse.
A preocupação com a baixa vacinação cresce também devido ao número de hospitalizações e mortes pela Covid-19 em Roraima entre os jovens.
Conforme a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em julho, quase 20% das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) foram ocupadas por jovens, incluindo o público de 30 a 39 anos.
“Sabemos que a vacinação iniciou com os grupos prioritários e os jovens não estavam incluídos. A vacinação para este público começou em junho. Então, pode ter sido isso a causa para esse quantitativo de pessoas estarem hospitalizadas”.
Consequências
De acordo com a superintendente, há risco de a capital enfrentar uma nova onda da doença por consequência da baixa procura pela vacina.
“Nós temos apenas 57,75% da população vacinada [com a primeira dose]. Ou seja, metade das pessoas. Por isso o risco é de termos outra onda da doença. Essas pessoas que não estão imunizadas podem ser infectadas de forma grave e serem hospitalizadas”, falou.
Diante da situação, ela orienta que os grupos vacinados com a primeira dose procurem os pontos de imunização para completar o ciclo. A eficácia da vacina só atinge níveis elevados com as duas doses.
“Pedimos que todos se vacinem. Ninguém quer perder um ente querido e neste momento temos que nos unir”, externa Francinete.
Vacinas vencidas
Ontem, o Governo de Roraima reforçou a campanha de incentivo à imunização. O governo alertou ainda para os riscos de as vacinas vencerem por falta de público para imunizar.
De acordo com Francinete, hoje a capital não tem vacinas vencidas. Mas comenta que isso pode ocorrer, caso não tenha procura.
Ações para chegar aos jovens
No dia 4 de agosto, a Prefeitura de Boa Vista e a Associação de Promotores de Eventos de Roraima (ADPER) fizeram uma parceria para incentivar a população a se vacinar contra a Covid-19.
Semana passada o prefeito Arthur Henrique (MDB) enviou uma carta à imprensa e pediu apoio com a produção de reportagens relacionadas aos benefícios da vacina.
Conforme a superintendente, mesmo com estas estratégias, o interesse pelos imunizantes continua baixo.
Na manhã de hoje, Boa Vista também iniciou a vacinação para os adolescentes de 12 a 17 anos.
Assim, os adolescentes precisam estar acompanhados dos pais ou responsáveis (ou ter uma autorização dos pais) e levar RG, CPF ou cartão do SUS.
“Pedimos, portanto, que os pais levem os adolescentes para imunizá-los. A vacina é um ato de cuidado com todos. Também pedimos que o público a partir dos 18 anos procure um ponto de vacinação para tomar a segunda dose”, finaliza.
Por Josué Ferreira, Yara Walker