Indicados ao Oscar serão anunciados na próxima terça-feira. Quem serão?

O anúncio dos indicados ao Oscar 2022 já tem hora marcada: às 10:18h da manhã no horário de Brasília, no dia 8 de fevereiro

Indicados ao Oscar serão anunciados na próxima terça-feira. Quem serão?
A transmissão será feita no próprio canal da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas no You Tube – Foto: Divulgação

O anúncio dos indicados ao Oscar 2022 já tem hora marcada: às 10:18h da manhã no horário de Brasília, no dia 8 de fevereiro, terça-feira. A transmissão será feita no próprio canal da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas no You Tube e outras redes. Já saíram as indicações de diversas premiações, incluindo as dos sindicatos (importantes termômetros do Oscar) e a do Bafta (o “Oscar europeu”), que saiu ontem.

Os sindicatos até saíram dentro do previsto em sua maioria, mas o Bafta agitou a temporada com indicações imprevisíveis. Afinal, quem apostaria em Renate Reinsve, atriz principal do norueguês “A Pior Pessoa do Mundo”? E Adeel Akhtar, ator do britânico “Ali e Ava”? E o documentário “Summer of Soul” para Melhor Edição? Muitas surpresas para uma só edição, não acha?

O lado ruim é o esnobe a atuações que jurávamos ver entre as indicações, como a britânica Olivia Colman e Kristen Stewart, que protagoniza um conto britânico. O lado bom é que a premiação europeia reconheceu talentos que dificilmente se concretizarão no careca dourado americano. Até porque os sindicatos já revelaram seus favoritos. Eles, sim, podem iluminar melhor os caminhos dos acadêmicos e, claro, das nossas apostas. Entretanto, isso não significa que devemos ignorar o Bafta. Ao contrário, agora é que a coisa fica mais divertida. Que comecem os jogos!

DUNAS E CÃES NA FRENTE

A ficção científica “Duna” deve sair como um dos dois filmes mais indicados da edição. Teve 11 indicações no Bafta e não deve ser diferente no Oscar. Vamos ver: Melhor Filme, Direção (Denis Villeneuve), Roteiro Adaptado, Fotografia, Edição, Som, Trilha Sonora, Design de Produção, Figurino e Efeitos Visuais. É, fechamos em dez. Mais que isso, só se for indicado a Melhor Figurino, mas a categoria tem candidatos mais cotados que já fecham as cinco vagas, como “O Esquadrão Suicida”, “Casa Gucci”, “Cyrano”, “Amor, Sublime Amor” e, claro, “Cruella”. E isso se não entrar “O Beco do Pesadelo”, “A Tragédia de Macbeth” ou “A Lenda do Cavaleiro Verde”. Tem empurra-empurra também em Melhor Roteiro Adaptado, em que a variedade de bons trabalhos pode deixar “Duna” com 9 indicações.

Desempenho esse que deve ser parecido com “Ataque dos Cães”, que deve dominar quase todas as categorias principais e pescar um pouco das técnicas. Deve ser nomeado a Melhor Filme, Direção (Jane Campion), Roteiro Adaptado, Ator (Benedict Cumberbatch), Ator Coadjuvante (Kodi Smit-McPhee), Atriz Coadjuvante (Kirsten Dunst), Fotografia, Edição, Trilha Sonora e Som. Quer dizer, esta última é uma incógnita, porque há pelo menos três que devem marcar presença certa na categoria sonora: “Duna”, “007: Sem Tempo Para Morrer” e “Homem Aranha: Sem Volta Para Casa”. As outras duas vagas serão resultado dos tapas entre “Um Lugar Silencioso: Parte II”, “Noite Passada em Soho”, “Amor, Sublime Amor” e/ou alguma surpresa. “Ataque dos Cães” deve fechar com 9 indicações, o que já é bastante para um filme de drama.

MULHERES ACIRRADAS

Já dá para esperar uma notícia sobre as indicações femininas de atuação: vai ter injustiça, sim. É que há muitas atrizes boas demais para ficar de fora das categorias Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Dá uma olhada na fila da categoria principal: Nicole Kidman (“Apresentando os Ricardos”), Olivia Colman (“A Filha Perdida”), Jessica Chastain (“Os Olhos de Tammy Faye”), Lady Gaga (“Casa Gucci”), Jennifer Hudson (“Respect”), Kristen Stewart (“Spencer”), Tessa Thompson (“Identidade” e Alana Haim (“Licorice Pizza”). Qualquer uma dessas que ficar fora das indicações vai aparecer nas diversas listas de esnobes da Academia. Como o Sindicato de Atores já escolheu suas favoritas, o Oscar deve seguir quase a mesma linha. “Quase” porque as quatro primeiras citadas devem aparecer de certeza, enquanto a famigerada quinta vaga deve surpreender.

O mesmo pode ser dito sobre as coadjuvantes. Anotem os nomes de Caitriona Balfe (“Belfast”), Ariana DeBose (“Amor Sublime Amor”), Kirsten Dunst (“Ataque dos Cães”) e Ruth Negga (“Identidade”). Já na vaga que fecha o quinteto, pode ser Aunjanue Elis (“King Richard”), Cate Blanchett (“O Beco do Pesadelo”), Jessie Buckley (“A Filha Perdida”) e, um pouco distante, Ann Dowd (“Mass”). Em Melhor Ator Coadjuvante, só peço duas coisas: as indicações de Kodi Smit-McPhee (“Ataque dos Cães”) e Troy Codsur (“No Ritmo do Coração”); e a ausência de Jared Leto (“Casa Gucci”), pelo amor de Deus. Por fim, prato cheio para Melhor Ator, com Benedict Cumberbatch (“Ataque dos Cães”), Will Smith (“King Richard”) e Andrew Gerfield (“Tick, Tick,… Boom!”). Não custa sonhar com Nicolas Cage (“Pig”).

DOMÍNIO POP MUSICAL

Esta edição é a que, provavelmente, terá o maior número de grandes artistas pop na categoria de Melhor Canção. Várias vencedoras do Grammy pode abrilhantar o palco do Oscar também. Beyoncé deve cantar Be Alive, música-tema do filme “King Richard”. Ariana Grande vem com Just Look Up, do satírico “Não Olhe Para Cima” e “Jennifer Hudson, com Here I Am (Singing May Way Home), da biografia “Respect: A História de Aretha Franklin”. Se bem que as duas acima não estão tão garantidas assim. O motivo é simples: nenhuma é Billie Eilish em No Time to Die, de “007: Sem Tempo Para Morrer”. Veja que a comparação não é com Jennifer Hudson, dona de um talento inegável que está há bem mais tempo na estrada, claro, mas esta canção do James Bond está há mais tempo no favoritismo.

Falando em tempo, é possível que tenhamos a honra de ver o veterano Van Morrison apresentar a suave Down to Joy, da obra britânica “Belfast”. Pena que ele esteja menos visado que as divas pop. Porém, mesmo com o peso de aura popular permeando em todas, uma delas deve ficar de fora. Isso porque a Academia deve se render à emoção da latina Dos Oruguitas, da animação da Disney “Encanto”. Na verdade, a música que mais caiu no gosto do público foi We Don’t Talk About Bruno (Não Falamos do Bruno, não, não, não…), mas ela não foi inscrita pelo estúdio para concorrer a uma vaga na Academia (ninguém sabia de seu sucesso durante o período das inscrições). Mesmo assim, a canção da história tocante de Abuela já tem lugar no coração do público e esperamos o mesmo efeito com os votantes do Oscar.

ENTRE O AMOR E A TRAGÉDIA

Há dois longas que, apesar do imenso carinho da crítica, ainda não mostraram tração na temporada – situação que pode ser revertida pela Academia. O primeiro deles é “Amor, Sublime Amor”, musical de Steven Spielberg que venceu o Globo de Ouro. Infelizmente, com a queda do prestigio desta premiação, essa vitória não quis dizer nada. Além disso, a expectativa é de que o remake arrase nas categorias técnicas, devido à grandiosidade da produção, mas o Bafta esnobou até mesmo Steven Spielberg. Não sabemos se o Oscar fará o mesmo caminho. De toda forma, creio que, no Oscar 2022, “Amor, Sublime Amor” será menos lembrado que, por exemplo, “La La Land” no Oscar 2017. O que é uma pena.

Se já podemos prever a obra de Spielberg nas categorias de Melhor Filme e Melhor Direção, não dá para fazer o mesmo com “A Tragédia de Macbeth”, de Joel Coen. Essa nova adaptação da obra de Shakespeare é um primor técnico, visual e narrativo. Por isso, não dá para entender tanto esnobe nas premiações até agora. Para se ter uma ideia, o Sindicato de Produtores (principal termômetro da categoria Melhor Filme do Oscar) anunciou seus 10 indicados e “Macbeth” não apareceu em nada. E sabe quem estava nesse meio? “Apresentando os Ricardos”. Bola fora. Espero que a Academia mude essa trajetória e possa, pelo menos, reconhecer a fotografia de Bruno Delbonnel e a atuação de Denzel Washington. Se a Academia indicasse Joel Coen, seria uma reviravolta e tanto.

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda sexta-feira aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema. 

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