Todos os filmes de Quentin Tarantino, do “pior” ao melhor

A coluna de hoje é o ranking de todos os dez filmes de Quentin Tarantino, que completou 60 anos de idade na semana passada. Boa leitura!

Todos os filmes de Quentin Tarantino, do “pior” ao melhor

Quentin Tarantino completou 60 anos de idade no final do mês passado. Mais da metade dessa idade é só de cinema, dentre roteiros afiados, direção ousada e apoio em outras produções menores. De todo modo, ele cravou seu nome na história do cinema, tornando-se um astro atrás da câmera. Assim como aconteceu com Steven Spielberg e Martin Scorcese, o nome de Quentin Tarantino virou um tipo de símbolo de qualidade. Isso porque basta sabermos que o filme é dele que ficamos ansiosos para ver, mais que pelos nomes do elenco.

E olha que o cara já trabalhou com astros ainda bem ativos (Leonardo di Caprio, Brad Pitt, Jamie Foxx), revelou talentos escondidos do povão (Christoph Waltz e a dublê Zoë Bell), ressuscitou carreiras (John Travolta, Kurt Russell, Pam Grier) e transformou um ator motherfucker em seu parceiro habitual (Samuel L. Jackson).

Para celebrar esse aniversário e lamentar pelo anúncio do último filme, fiz um ranking dos 10 longas que ele dirigiu, do “pior” ao melhor. Sim, com aspas mesmo porque, para mim, ele nunca fez filme ruim.

10. À PROVA DE MORTE

O maior fracasso de bilheteria de Tarantino é, tambem, o seu filme mais despretensioso em termos artísticos, funcionando mais como um exercício de cinema. Aliás, de um cinema tarantinesco, que não é pouca coisa. Afinal, estão lá os diálogos espertos, cheios de referências à cultura pop, um elenco a plena disposição do roteiro e uma direção clínica para unir ação, comédia e uma violência sempre chocante. Mesmo não tendo um enredo memorável, a perseguição final de À Prova de Morte é antológica.

9. OS OITO ODIADOS

Imagine uma mistura da ficção científica O Enigma de Outro Mundo e o faroeste No Tempo das Diligências e protagonizada por Samuel L. Jackson. Pronto. O resultado é Os Oito Odiados. Uma história sobre paranoia, que se revela aos poucos, ambientada nas geleiras, com Kurt Russell no elenco e Ennio Morricone na incrível trilha sonora. Além da obra-prima de John Carpenter, Tarantino recorreu aos seus primórdios para compor esse faroeste: Cães de Aluguel. Mesmo estando nesta posição, Os Oito Odiados ainda é melhor que muitos outros filmes contemporâneos.

8. JACKIE BROWN

Último exemplar da era mafiosa de Tarantino, Jackie Brown é uma homenagem ao blaxpoitation. Começando pela personagem-título vivida pela atriz Pam Grier, musa dos black movies da década de 1970, especialmente Foxy Brown – até a fonte do título é a mesma daquele filme. Só que o enredo é completamente diferente, com um pouco mais de camadas e Robert de Niro retornando ao mundo da máfia que tanto consagrou o ator, mas quem foi indicado ao Oscar foi o saudoso Robert Foster. Um filme para ser lembrado com mais carinho.

7. KILL BILL: VOL. 2

Deveria ser apenas uma história de vingança, mas Tarantino acrescentou tantos microenredos que a coisa toda se estendeu, culminando em uma saga apoteótica de sangue e, por incrível que pareça, romântica. Do jeito dele, claro. Kill Bill: Volume 2 continua a busca da Noiva para acabar com os Víboras Mortais, mas de um modo mais denso que sua primeira parte. O resultado se alonga um pouco mais que o necessário. Mesmo assim, o encontro final é um daqueles momentos que nunca serão repetidos por nenhum outro contador de histórias.

6. CÃES DE ALUGUEL

A estreia do cineasta mostra como ele já sabia criar roteiros sensacionais e revela como ele também podia ser um grande diretor, não apenas pelo talento, mas também por sua assinatura única. Afinal, além de ainda ter um dos melhores crescimentos narrativos de sua filmografia, Cães de Aluguel tem todos os elementos que celebrizariam Tarantino futuramente: edição não-linear, violência gráfica, resgate de músicas antigas e uma roupagem que faz as referências parecerem novidade. Sem dúvida, umas das maiores estreias de todos os tempos.

5. ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD

Tarantino faz várias celebrações de uma só vez e satisfaz em todas. Ele celebra a carreira de dublê, ao trabalho de atuação e, especialmente, a atriz Sharon Tate, interpretada por Margot Robbie. Aliás, ver sua personagem assistindo a ela mesma em ação no cinema é de uma beleza única. E mesmo que Leonardo di Caprio protagonize um dos melhores filmes de 2019, é Brad Pitt quem rouba a cena e comanda aquele glorioso final. Assim, Era uma Vez em Hollywood era tudo que precisávamos ver para saber como é que se termina um bom conto de fadas (!).

4. DJANGO LIVRE

Maior bilheteria da carreira de Tarantino, Django Livre ainda lhe deu seu segundo Oscar como roteirista. A trama de um ex-escravo que vai atrás de sua amada, com a ajuda de seu parceiro alemão, traz uma das grandes duplas do cinema recente: Jamie Foxx e Christoph Waltz, que fogem do velho clichê de parceiros diferentes que não se bicam. Todo o elenco está afinadíssimo e a ótima trilha sonora traz um anacronismo muito bem vindo, misturando country music com rap. Uma obra antirracista e, ao mesmo tempo, muito divertida.

3. KILL BILL: VOL. 1

De toda a filmografia do cineasta, nenhum desfila tantas referências em um lugar só. Kill Bill: Volume 1 traz ideias de filmes europeus e asiáticos, filmes de terror, filmes B, mangás, kung fu, Bruce Lee, faroestes de Sergio Leone e outras coisas. A história da misteriosa Noiva traz uma audácia narrativa que embaralha o tempo, daquele jeito que vimos em Pulp Fiction, e ainda conta o passado de uma das vilãs em forma de anime. Nunca antes uma mistureba de ingredientes tão diversos foi usada para construir algo tão original e, também, tão irresistível.

2. BASTARDOS INGLÓRIOS

Simplesmente, o melhor filme de 2009 e o verdadeiro merecedor do Oscar 2010, no lugar de Guerra ao Terror. Bastardos Inglórios chegou para mostrar que, sim, ainda havia mais a dizer sobre a Segunda Guerra Mundial, sobretudo sobre o nazismo. Como, por exemplo, apresentar o maior personagem nazista do século, interpretado por Christoph Waltz; mostrar como deixar os nazistas reconhecíveis para todo mundo; e como um sinal errado com as mãos pode colocar tudo a perder. Uma obra praticamente perfeita. Só não está em primeiro por causa de…

1. PULP FICTION: TEMPO DE VIOLÊNCIA

Uma das grandes obras-primas de todos os tempos, Pulp Fiction não só mostrou a força do cinema independente como virou as regras do mainstream de ponta-cabeça. Combinações que pareciam absurdas se tornam uma delícia, com um roteiro sublime e uma execução ousada. Quem mais transformaria surfmusic em música de gangster? Quem daria atenção especial a diálogos sobre sanduíches? Além disso, quem faria da violência gráfica uma arte? E, em um filme criminal, quem faria das cenas de dança algo inesquecível? Só mesmo Quentin Tarantino.

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.

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José Carlos Garcia

Sensacional!! Só colocaria Bastardos Inglorios em primeiro e Pulp Fiction em segundo.

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