Império da Corrupção: Educação Estadual de Roraima é marcada por improvisos, falta de estrutura e apoio do Governo

Na Escola Estadual Indígena Augusto Silva, na comunidade Darôra, por exemplo, os problemas abrangem salas de aula e dos professores, banheiros, refeitório e até o depósito de instrumentos musicais

Império da Corrupção: Educação Estadual de Roraima é marcada por improvisos, falta de estrutura e apoio do Governo
Fotos: TV Imperial

Nos últimos três meses, o Grupo Égia de Comunicação mostrou uma série de relatos da comunidade escolar em unidades da rede estadual de ensino em Boa Vista e no interior.

Um deles ocorreu na Escola Estadual Indígena Luiz Cadete, na comunidade Canauanim, em Cantá, a 22 quilômetros da capital. A TV Imperial foi até o local e o constatou uma estrutura precária: apenas seis salas para mais de 200 estudantes pela manhã e 424 à tarde.

Na ocasião, a reportagem ouviu o relato de uma estudante matriculada no turno da tarde que começou o ano letivo sob as árvores. “A chuva as vezes vem aí, a gente tem que sair para debaixo de um teto para esperar a chuva passar para poder voltar à aula de novo. As vezes a gente está ali na outra árvore e é esgoto, cheira mal, é mosca, é sujeira. Essa é a nossa real situação”, contou Márcia Karoline Freitas Sarmento, de 16 anos.

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Foto: TV Imperial

Sem estrutura

Na unidade, corredores viraram salas e um barracão foi construído em frente ao prédio original para abrigar a demanda que cresce. Outro problema apontado pelos moradores é que nenhuma das salas possui ventilador ou ar-condicionado.

Na Comunidade Indígena do Mauixe, a 74 quilômetros de Boa Vista, a TV Imperial mostrou que o refeitório da Escola Estadual Homero Cruz é uma casa de barro. Além disso, o banheiro é só um para todos. Por lá, os moradores também se mobilizaram para construir um barracão.

Os moradores dizem que a Secretaria de Estado da Educação (Seed) delimitou a área onde o novo prédio da escola ficaria. No entanto, segundo eles, a construção ficou na promessa.

“A gente foi na Secretaria e está lá a Escola Homero Cruz em primeiro lugar para ser construída, mas desde quanto tempo já não está lá e nunca vieram? Vieram aqui, fizeram mapeamento e está aqui. Essa área aqui é toda da escola, mas nunca vieram o pessoal da construção. A gente pede que o governador venha ver a nossa situação, não mande terceiros, porque só vem falar, só vem prometer”, disse Jucirene Souza, merendeira e mãe de estudante.

A solução temporária apresentada pelo Governo de Roraima não agradou a comunidade.

“O secretário chegou e falou que iria fechar esse barracão com zinco, e aí a gente chegou, falou para a comunidade e a comunidade não aceitou, porque a gente sabe se fechar esse barracão com zinco, a quentura, a gente não tem estrutura, então a gente sabe que vai ficar quente”, relatou Alexandre da Silva, tuxaua da comunidade.

Precariedade

Na Escola Estadual Indígena Augusto Silva, na comunidade Darôra, em Boa Vista, os problemas abrangem toda a estrutura. Salas de aula e dos professores, banheiros, refeitório e o depósito de instrumentos musicais. Tudo funciona de forma improvisada.

“Só de ver os seus filhos, seus netos, estudando debaixo de uma árvore, os alunos aqui estudam debaixo da árvore aqui. E nossa comunidade se mobilizou para fazer toda essa estrutura para amenizar um pouco desse sofrimento desses alunos”, relatou Jeckcinei da Silva, tuxaua da comunidade.

Foto: TV Imperial

Na capital

Os problemas na Educação Estadual não estão centralizados no interior do estado. As denúncias que chegam também se referem às unidades de ensino tradicionais de Boa Vista.

Em 2025, por exemplo, os estudantes da Escola Estadual Ana Libória começaram o ano letivo com aulas embaixo de tendas na quadra da unidade. Antes, os alunos tiveram seis meses de aulas remotas.

Um aviso no portão da unidade informava que as aulas retornariam com salas novas e preparadas. Logo abaixo, um outro comunicado informa que a entrada dos alunos ocorre por um portão lateral, tão improvisado quanto as salas de aula.

“Falaram que iam chegar dia 30, aí chegou dia 30 e não tinha nada. A gente já está em fevereiro e não tem nada ainda. O recreio é 15 minutos. O recreio é separado, 1º ano, 2º ano e 3º ano, e não tem tempo para nada. Parece que a gente não pode ir nem ao banheiro”, disse um aluno que preferiu não se identificar.

Ainda em Boa Vista, a mãe de um aluno com autismo, síndrome de down e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) falou à TV Imperial sobre a falta de professores cuidadores e auxiliares na Escola Estadual Monteiro Lobato.

“A situação é a questão da garantia do direito a profissional cuidador e professor auxiliar na rede estadual de educação. Eu tenho um filho de 15 anos com síndrome de down, que tem 15 anos, e as aulas do Estado começaram e, para nossa surpresa, ao buscarmos a escola, nos foi informado de que eles não teriam condições de receber o meu filho na escola porque eles não tinham o profissional auxiliar e o cuidador”, denunciou Elisangela Monção.

Fonte: TV Imperial

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