O major Vilson Carlos Pereira Araújo, preso suspeito de participar do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos, tinha cargo no alto escalão da Polícia Militar.
Ontem, o Roraima em Tempo revelou que quatro dos seis militares tinham cargos na Assembleia Legislativa, com salário de até R$ 11,3 mil.
Por outro lado, Araújo não era da Casa, mas tinha um cargo importante no comando da corporação: assessor parlamentar do Gabinete do Comando Geral.
O comandante geral da PM, Francisco Xavier, assinou a nomeação do militar em janeiro deste ano, com data retroativa de 23 de dezembro. Ou seja, ele trocou de cargo dois meses após o sequestro e o espancamento do jornalista.
Contudo, a função, até junho deste ano, não tinha diretrizes definidas. Dessa forma, a PM criou uma comissão para ajustar quais seriam as atribuições do cargo, o local de atuação, bem como as equipes subordinadas. Araújo foi escolhido como presidente da comissão naquele mês.
Suspeito no Conselho de Disciplina
Anteriormente, Araújo, que tinha uma carreira considera exemplar, estava como subcomandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC). O salário era o mesmo.
Além disso, o cargo se trata de indicação política. Depois, outros nomes vão sendo selecionados para as funções comissionadas. Ontem, depois de preso, o suspeito e os outros envolvidos acabaram no CPC.
De janeiro a setembro deste ano, a reportagem localizou diversas aberturas de sindicâncias contra outros militares das quais ele era o responsável por analisar.
Em março deste ano, o militar recebeu elogios da PM por ter dado aulas em curso para outros agentes, sem receber pelo desempenho das atividades.
Prisão
Araújo está preso em cumprimento a um mandado de prisão expedido pelo Tribunal de Justiça de Roraima. Ele está sendo apontado com um dos suspeitos de participar do sequestro e tortura de Romano dos Anjos.
No total, a Justiça emitiu sete mandados, sendo seis contra militares, e outro para um ex-servidor da Assembleia Legislativa, durante a Operação Pulitzer.
Além disso, as Polícias Civil e Militar e o Ministério Público cumpriram outros 14 mandados de busca e apreensão. Contudo, as investigações continuam em segredo de justiça.
O jornalista sofreu o sequestro em outubro de 2020. Amarrado e tirado de casa, Romano passou por horas de tortura, assim como foi abandonado na zona Rural de Boa Vista.
Leia todos os detalhes do sequestro
Por Redação