O Estado de Roraima foi sacudido por uma reviravolta na política local neste fim de semana. No sábado (6), o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos), surpreendeu ao anunciar o rompimento com o governador Antonio Denarium (Progressistas).
Mais que o racha político, a decisão de Sampaio chamou a atenção para o suposto esquema de espionagem ilegal. O sistema teria a participação da alta cúpula de inteligência do Governo do Estado para monitorar desafetos do governador Antonio Denarium. Em sua nota pública, Sampaio usou a palavra “arapongagem” para definir a prática criminosa.
O Portal Roraima em Tempo repercutiu em primeira mão essa denúncia no dia 27 de março. O suposto esquema de espionagem serviria para monitorar desde policiais penais, políticos opositores do governador e até alguns membros do Parlamento Estadual.
Conforme uma fonte ouvida pela reportagem, entre as vítimas do esquema criminoso de espionagem estariam também parlamentares federais de Roraima. Entre eles, o deputado federal Albuquerque, que é parceiro político de Sampaio, além dos deputados federais do MDB, Helena Lima e Duda Ramos.
Duda Ramos, por exemplo, tem feito duras críticas à gestão de Denarium. Nas suas redes sociais, o deputado mantém diversos vídeos onde reprova decisões como o pedido de empréstimo milionário além das medidas polêmicas tomadas por Denarium para enfrentar a situação de emergência causada pelas queimadas no Estado.
A lista das vítimas do esquema de espionagem incluiria também o prefeito Arthur Henrique, do MDB. Em nota, o MDB RR informou que está adotando as medidas judiciais cabíveis.
Esquema de espionagem acabou com a carreira política de ex-governador do Mato Grosso
No Brasil, a prática de escutas, grampos, monitoramento ou mesmo acesso à informações pessoais, como movimentações bancárias, por exemplo, só são autorizadas para fins de investigação, após decisão judicial.
Portanto, a suposta arapongagem feita com autorização do governador Antonio Denarium é um crime que deve ser investigado. Localmente, já existe uma cobrança para que a Assembleia Legislativa instale a CPI da Espionagem e apure os fatos. Há quem acredite na possibilidade de um pedido de impeachment contra o governador.
Em 2017, a descoberta de um esquema de espionagem semelhante ao que pode estar acontecendo em Roraima, ganhou destaque na mídia nacional e colocou um fim na carreira política do ex-governador de Mato Grosso, Pedro Taques. O caso ficou conhecido como a Grampolândia Pantaneira.
Na época, o então governador Pedro Taques também negou ter conhecimento sobre o esquema. Porém, as investigações apontaram que tanto ele como outros membros da alta cúpula do seu governo, tinham envolvimento direto da atividade. E mais que isso, eram favorecidos pelas informações captadas ilegalmente.
Monitoramento
Segundo o relatório do Ministério Público Estadual de Mato Grosso, o governo de Taques criou um grupo que tinha o falso objetivo de monitorar policiais envolvidos em crimes.
No entanto, o grupo adotou a prática conhecida como barriga de aluguel. Assim, incluiu nomes de jornalistas, parlamentares, advogados e opositores de Taques na lista de pessoas que deveriam ser investigadas.
Dessa forma, segundo o MPE, o grupo atuou para obter informações privilegiadas sobre a campanha eleitoral de 2014, quando Taques foi eleito o governador do Estado. O esquema chegou a ser denunciado ao próprio governador em 2015, que não tomou nenhuma providência.
Em 2017, virou manchete nacional, resultando em prisões e no indiciamento de Pedro Taques. Durante as investigações, ele ainda tentou a reeleição, mas foi derrotado. O caso Grampolândia Pantaneira acabou com a carreira política de Taques. E o mesmo pode acontecer agora com Antonio Denarium.
Fonte: Da Redação