Comunidade Palimiú vive com medo, afirma liderança - Arquivo pessoal/Júnior Hekurari
O líder indígena e vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, disse nesta quarta-feira (19) que a situação é de medo na comunidade Palimiú, no município de Alto Alegre, após intensos conflitos provocados por garimpeiros nos últimos dias.
As declarações foram dadas durante evento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que informou que vai ingressar com novo pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para retirada imediata dos invasores da Terra Indígena Yanomami, entre os estados do Amazonas e Roraima.
“Nossas crianças, mulheres e idosos estão assustados. Eles [garimpeiros] usaram armas pesadas. É a primeira vez que crianças ouvem metralhadoras na comunidade. Isso significa morte! Os garimpeiros não estão respeitando nosso direito à mãe terra”, frisou.
Dia 25 de fevereiro de 2021 Roraima em Tempo revelou o primeiro conflito. Garimpeiros bêbados foram até a comunidade Helepi atrás de um indígena com o qual tinham desavenças. Logo que ele apareceu, um dos garimpeiros atirou contra ele e o deixou gravemente ferido. O irmão do indígena então flechou o atirador. Ele morreu na hora.
O segundo conflito foi em 27 de abril, quando um grupo Yanomami interceptou cinco garimpeiros que subiam o Rio Uraricoera em uma voadeira carregada com 990 litros de combustível para avião e helicóptero. Os indígenas apreenderam a carga e os cinco homens.
Já no dia 10 de maio, garimpeiros em sete embarcações atacaram indígenas com armas de fogo, o que resultou em uma troca de tiros, pois os indígenas estavam sob posse de armas. Na ocasião, os não-indígenas prometeram “vingança”.
Além da aflição após o tiroteio, Kopenawa afirmou que os grupos mais vulneráveis foram afetados com os efeitos de bombas caseiras lançadas pelos garimpeiros no domingo (16). “As crianças, mulheres e idosos ficaram enfraquecidos por causa da bomba de gás”, revelou.
Há mais de duas décadas, a Terra Yanomami vivencia conflitos entre indígenas e invasores. A estimativa do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) é que mais de 20 mil garimpeiros estejam no território. A preocupação do órgão é que a proximidade pode ocasionar a morte dos povos originários da região por doenças e conflitos.
Avaliação semelhante foi feita por Dário. Conforme ele, “o garimpo é uma ameaça à vida das florestas, dos povos que moram na aldeia, das crianças, idosos e os povos isolados. Eles já estão se aproximando das comunidades dos nossos povos isolados, estão a uns 15km da aldeia deles“, denunciou.
No anúncio feito, a associação deve provocar o Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de urgência para avaliar a situação dos territórios indígenas sob ataque. Além da Terra Yanomami, o documento deve relatar a situação do território Mundukuru, no Pará.
Conforme a coordenadora jurídica da APIB, Samara Pataxó, a petição será integrada a uma ação que já tramita na Corte, para que sejam adotadas medidas que evitem genocídio da população indígena. No novo documento, a organização quer relatar dados referentes ao garimpo e os ataques direcionados à população indígena.
“É um pedido de socorro! Já apontamos desde o início, mas se faz necessário diante do cenário atual para que isso não ocorra com povos que estão à margem e sempre são alvo fácil da omissão e inação do Governo Federal”, criticou a coordenadora.
Por causa da pandemia da Covid-19, a preocupação com os invasores aumentou, já que a exploração ilegal de ouro pode levar à contaminação dos povos indígenas pelo coronavírus.
Dados da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) mostram que Roraima registrou cinco novos casos e seis mortes entre povos indígenas. Então, com a atualização, o estado contabiliza 6.030 casos e 132 mortes.
Fonte: Da Redação
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