Prefeitura busca apoio do Ministério da Saúde para reduzir impacto da crise Yanomami e da imigração no Hospital da Criança

Crise humanitária dos Yanomami e aumento de imigração nos últimos dois meses aumentou a ocupação de leitos na unidade

Prefeitura busca apoio do Ministério da Saúde para reduzir impacto da crise Yanomami e da imigração no Hospital da Criança
Regiane Matos em entrevista à Rádio 93 FM – Foto: Rosi Martins

A secretária municipal de Saúde, Regiane Matos, concedeu entrevista ao jornalista Bruno Perez no programa Rádio Verdade da 93 FM. Durante a conversa, ela revelou que 70% dos leitos do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) estão ocupados por migrantes e indígenas.

Além disso, 25% dos leitos estão ocupados por crianças de Boa Vista. E outros 5% com pacientes do interior. Sobre os leitos de UTI, a ocupação é de 80% por migrantes e indígenas.

A unidade hospitalar dispõe de 187 leitos de internação, 15 de UTI e cinco no Trauma. E todos já estão ocupados. Muitos destes pacientes chegam à unidade em situação grave ou são encaminhados de hospitais particulares.

No Último dia 8, por exemplo, o hospital registrou 77 crianças indígenas internadas, sendo que 65 delas são Yanomami. Esta foi, até o momento, a maior alta de internação de crianças dessa etnia, desde o início da vigência do decreto de emergência do Governo Federal.

Por outro lado, o número de pacientes migrantes internados na unidade hospitalar é de 40 crianças.

Apoio

Dessa forma, Regiane disse que a Prefeitura de Boa Vista está buscando apoio para solucionar os impactos da migração e da crise dos Yanomami no Hospital da Criança de forma emergencial. Por isso, durante a visita da ministra da Saúde, Nísia Trindade, o prefeito Arthur Henrique (MDB) pontuou algumas necessidades.

“Hoje o prefeito Arthur Henrique está em Brasília justamente na reunião da executiva da ministra. Ele foi tentar buscar solução para algumas situações que nós pontuamos nessas reuniões que nós tivemos”.

Regiane disse ainda que, a unidade age de forma vigilante com a ocupação de leitos. Dessa forma, assim que abre uma nova vaga, as equipe já preparam o leito para a ocupação imediata.

“Há uma rotatividade. E com a a alta, a gente já ocupa automaticamente esses leitos. Então nós temos essa preocupação. E é importante destacar que nós não estamos omissos. Nós estamos trabalhando diariamente, buscando soluções e alternativas para minimizar esse impacto”.

Ampliação no Hospital da Criança

Nesta terça-feira (14) a prefeitura divulgou comunicado para informar o início da ampliação do Trauma e da UTI da unidade. Como resultado, o Trauma sai de cinco para 10 leitos. Enquanto a UTI terá 10 leitos a mais. De acordo com o Município, as obras no local estavam previstas para iniciar nesta quarta-feira (15).

Nós últimos oitos anos, a Prefeitura construiu sete novos blocos no Hospital da Criança. Além disso, implantou um bloco adaptado para crianças indígenas.

Crise dos Yanomami e imigração

A imigração, bem como a crise dos Yanomami têm sido os dois principais fatores para a ocupação de leitos na unidade.

Entre os dias 28 de janeiro a 14 de fevereiro, por exemplo, o hospital realizou 1.179 atendimentos a crianças Yanomami.

Somente no ano de 2022, a unidade registrou 703 internações de crianças da etnia. As principais causas foram diarreia aguda, desnutrição grave, e ainda pneumonia e malária.

Outro ponto preocupante é o número de migrantes entrando em Roraima. Diariamente, cerca de 700 venezuelanos cruzam a fronteira. A maioria fica em Boa Vista.

Para compreender melhor a dimensão do problema, em 2017, eram cerca de 100 atendimentos a imigrantes. Enquanto em 2022, o número de atendimentos ultrapassou os 130 mil. Além disso, de 2020 a 2022, o ambulatório do hospital registrou um aumento de 234% de atendimentos a migrantes.

Em 2021, na unidade, 41.319 vagas foram ofertadas para consultas com especialista. Dessas, 34.259 foram preenchidas. No ano seguinte, o HCSA aumentou a oferta para 53.302 e os registros apontam 43.448 atendimentos.

O aumento da demanda também se reflete nas unidades básicas de saúde (UBSs). Só nos primeiros dois meses deste ano, as UBSs fizeram 119 mil atendimentos, entre consultas e procedimentos ambulatoriais aos imigrantes. E a previsão é que os números aumentem nas próximas semanas.

Além das UBS e HCSA, as unidades especializadas têm sido beneficiadas com o trabalho de aumento das ofertas de serviços. Em 2021, a Secretaria de Saúde ofertou 20.094 vagas para consultas no CPCOM. No ano passado, o número subiu para 21.275. O Centro de Atenção Psicossocial II, em 2022, ofereceu 4.681 vagas à população. E 15.621 no Centro de Recuperação Nutricional.

Fonte: Da Redação

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