Brasileiras têm menos filhos e adiam maternidade; Roraima vai na contramão

Estado é o único com taxa acima da reposição populacional, com 2 filhos por mulher

Brasileiras têm menos filhos e adiam maternidade; Roraima vai na contramão
Foto: Divulgação Agência Brasil

O número de filhos por mulheres brasileiras segue em queda, e a maternidade tem sido cada vez mais adiada. É o que mostram os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa analisou mulheres entre 15 e 49 anos, idade considerada reprodutiva.

A taxa de fecundidade total no país caiu para 1,55 filho por mulher, muito abaixo da chamada taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos — número necessário para manter a população estável. Desde 2010, o Brasil já estava abaixo desse limite.

Roraima é exceção no cenário nacional

Enquanto todas as regiões do país registraram queda, Roraima foi o único estado brasileiro com taxa acima da reposição populacional, com 2,19 filhos por mulher. Amazonas (2,08) e Acre (1,90) aparecem logo em seguida.

Já os estados com menor taxa de fecundidade são Rio de Janeiro (1,35), Distrito Federal (1,38) e São Paulo (1,39). O Sudeste, inclusive, teve a menor taxa entre as regiões, com média de 1,41 filho por mulher em 2022.

Mães mais velhas

Outro dado relevante do Censo 2022 é o adiamento da maternidade. A idade média em que as brasileiras têm filhos aumentou para 28,1 anos, frente aos 26,3 registrados em 2000. As mulheres do Distrito Federal foram as que mais postergaram a maternidade, com média de 29,3 anos. Já o Pará registrou a menor média, com 26,8 anos.

Cresce o número de mulheres sem filhos

Além da queda na fecundidade, o Censo identificou um aumento significativo no número de mulheres que chegam aos 50 anos sem filhos. Em 2000, eram 10%. Em 2022, esse número saltou para 16,1%. No Sudeste, o percentual chegou a 18%, enquanto no Norte subiu para 13,9%.

Religião, raça e escolaridade influenciam

O levantamento também mostrou variações conforme religião, raça e escolaridade:
• Religião: Mulheres evangélicas apresentaram a maior taxa (1,74), enquanto espíritas (1,01) e seguidoras da umbanda e candomblé (1,25) registraram os menores índices.
• Raça/cor: Mulheres indígenas seguem com a maior taxa de fecundidade (2,8), acima da média nacional. Pretas (1,6) e pardas (1,7) também estão acima da média, enquanto brancas (1,4) e amarelas (1,2) apresentam as menores taxas.
• Escolaridade: Mulheres brasileiras com ensino superior completo têm, em média, 1,19 filho. Já aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto chegam a 2,01 filhos.

O que explica esse fenômeno?

De acordo com especialistas do IBGE, o avanço da escolaridade, o acesso à informação e aos métodos contraceptivos, além da maior inserção da mulher brasileira no mercado de trabalho, são fatores que explicam a queda da taxa de fecundidade no país.

“A mulher com mais escolaridade sabe melhor onde procurar métodos contraceptivos e faz escolhas mais conscientes”, explica a gerente de estudos do IBGE, Izabel Marri.

Tendência deve continuar

Segundo o IBGE, a tendência de queda na fecundidade deve se manter nos próximos anos. A mudança no perfil das famílias, a urbanização e a priorização da carreira profissional são alguns dos fatores que continuam influenciando essa transformação no Brasil.

Fonte: Agência Brasil

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