Critics Choice Awards faz justiça a “Better Call Saul”

A coluna de hoje é sobre a premiação de Better Call Saul no Critics Choice Awards e o que ela representa para a série. boa leitura!

Critics Choice Awards faz justiça a “Better Call Saul”

De todas as grandes séries da atualidade, nenhuma é mais injustiçada que Better Call Saul. O spin-off de Breaking Bad foi lançado em 2015 e, de lá para cá, não venceu nenhum Emmy, o grande prêmio das séries. Nenhunzinho. Inclusive, perdeu até para aquela pataquada final de Game of Thrones em 2019. Até chegou a empatar com Succession na premiação da Hollywood Critics Association. Mas foi isso: reconhecimento dividido.

Ontem, o Critics Choice Awards premiou a série de Vince Gillighan e Peter Gould como a melhor do ano. Alem disso, outros dois injustiçados também riram (e se emocionaram) por último. Bob Odenkirk (o Saul Goodman) ganhou como Melhor Ator e Giancarlo Esposito (o Gus Fring) como Melhor Ator Coadjuvante. Ou seja, finalmente, uma instituição reconheceu o talento e o valor do programa mais subestimado pelas premiações.

Abaixo vou enumerar três razões para você entender por que eu digo que Better Call Saul é injustiçada.

1) Só melhora

Poucas séries tem um crescimento estável na qualidade, pois a maioria sempre tem um ponto baixo no meio do caminho. Muita gente diz que Game of Thrones só caiu a partir da sétima temporada. Discordo: mesmo com o excelente episódio “Mother’s Mercy” (aquele da Cersei nua nas ruas de Porto Real), a quinta temporada não foi melhor que a quarta.

No ano passado, The Crown acabou me deixando mentir. Foi a série que eu mais elogiei por só melhorar a cada temporada… Até chegar a quinta e quebrar minhas pernas, pois ela ficou abaixo do nível das anteriores. Não está ruim, mas foi decepcionante.

Nesse sentido, Better Call Saul é um fenômeno da natureza, já que a série fica cada vez melhor em todos os sentidos: a trama, o roteiro, os personagens, o apuro técnico e a própria arte de se contar uma história através das lentes. Seis temporadas, uma melhor que a outra literalmente, seguindo o exemplo de sua antecessora Breaking Bad.

2) Já merecia ser premiada antes

Houve duas ocasiões em que ela deveria ter levado o Emmy de Melhor Série de Drama para casa. A primeira foi em 2019, por uma quarta temporada arrasadora, que mostra as tentativas de Jimmy (Bob Odenkirk) em recuperar sua licença para advogar. O episódio final, “Winner”, fecha a transformação de Jimmy McGill para Saul Goodman de forma brilhante. O que, por sua vez, transformou esse conjunto na melhor coisa que passou no streaming. E adivinha para quem perdeu? Para a temporada final de Game of Thrones, que pareceu mais um prêmio de gratidão pelo impacto da série na história da TV.

A outra vez foi bem aí, no ano passado. A concorrência estava apertadíssima mesmo, mas Succession deu uma leve decaída com a terceira temporada. Enquanto isso, Ruptura, Euphoria, Ozark e BCS estavam melhores. Mesmo assim, a saga dos ricaços levou a melhor outra vez. Calma que ainda há esperança, porque Saul Goodman ainda pode entrar no páreo do Emmy 2023, com a segunda parte da última temporada – a mesma que também foi premiada no Critics Choice Awards. Será que agora vai? Espero que sim.

3) Um bom envelhecimento

Levar uma estátua para casa deve ser bem legal, mas nenhuma vitória é mais saborosa que a do teste do tempo. Mesmo grandes premiados podem não ter um envelhecimento saudável.

Westworld e The Handmaid’s Tale: O Conto da Aia que o digam. Ambas as séries estrearam como promessas da TV e acabaram no limbo do esquecimento, graças a visível queda de qualidade. Principalmente Westworld, que está até ameaçada de ser retirada da catálogo da HBO Max (mesmo sendo uma série da própria HBO, vai entender…). Já sobre THT, fiz uma matéria sobre ela aqui. Dessa safra, é capaz de só Stranger Things permanecer na memória da galera por um bom tempo, após o término.

Better Call Saul também é uma dessas que tem potencial para ser inesquecível. A lamentação pelo fim da série era palpável nas redes sociais e nos vídeos de críticas do YouTube. Em nível técnico e de precisão do roteiro, nenhuma se compara a ela. E, possivelmente, continuará sendo assim quando for comparada com programas futuros.

Ainda há esperança

Com a crítica e os fãs (inclusive de Breaking Bad) a seu favor, só faltava alguma premiação finalmente reconhecer a joia rara que BCS é. O Critics Choice Awards quebrou essa injustiça histórica. Até porque o final é uma aula de como encerrar uma série, com talento, coerência e maestria, mostrando o melhor que o audiovisual pode oferecer. Como eu já disse, a segunda parte da temporada final pode concorrer no Emmy deste ano. Resta-nos torcer para que a Academia de Televisão compense a ausência de prêmios e também faça justiça.

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema. 

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