Todos os 53 filmes do Oscar 2022, do pior ao melhor

A coluna de hoje faz um levantamento com todos os 53 filmes do Oscar 2022 e um ranking do pior ao melhor filme. Boa leitura!

Todos os 53 filmes do Oscar 2022, do pior ao melhor

Direto ao ponto: o Oscar 2022 não me fez perder a fé nos filmes, mas no próprio Oscar. Sério. Uma festa com a coleção das piores decisões criativas, em especial a exclusão de oito categorias da transmissão para reduzir o tempo da cerimônia – que não reduziu nada. Opa, foram sete categorias. Isso porque decidiram que uma delas, Melhor Figurino, fosse exibida como as outras. Claro que não deve ter nada a ver com a fato da rede ABC ser da Disney e que já era previsto esse prêmio para “Cruella” (também da Disney), imagina.

Essa valorização parcial do cinema foi concretizada com a premiação de “No Ritmo do Coração” como Melhor Filme. Afinal, se você viu minha lista de melhores indicados a Melhor Filme aqui, certamente já sabe que ele estava longe de ser o merecedor do principal prêmio do Oscar. Só que, desta vez, fiz uma lista ainda maior. Nela, o merecimento se torna mais longe ainda.

LISTA DOS FILMES

Contando todos os indicados em todas as categorias do Oscar, somam-se 53 filmes no total: 38 longas e 15 curtas-metragens. Em meu momento Revista Bula, site que costuma ranquear tudo de alguma coisa (como as 103 músicas da Legião Urbana ou os 62 episódios da série “Breaking Bad”), resolvi ranquear absolutamente TODOS os filmes do Oscar 2022. Claro, do pior ao melhor. Onde será que o grande vencedor se encaixa?

Pegando pesado

53. WHEN WE WERE BULLIES (curta-documentário): talvez o documentário mais inútil da história dos documentários, sobre um cara que praticou bullying nos tempos de escola, envelheceu arrependido e está sofrendo com isso. Fala sério…

52. AFFAIRS OF THE ART (curta-animação): traçados de desenho interessantes para uma história desinteressante. Uma pena.

51. BOXBALLET (curta-animação): uma relação entre boxe e balé que nunca deixa clara a intenção dos criadores.

50. UM PRÍNCIPE EM NOVA YORK 2: gostei do filme assim que o assisti, mas não me lembro mais do porquê. Atualmente, só lembro que o Eddie Murphy está lá.

49. CASA GUCCI: aqui, só me lembro da Lady Gaga e do Jeremy Irons… Ah, não. Infelizmente, lembrei-me de Jared Leto também.

48. APRESENTANDO OS RICARDOS: Nicole Kidman com cara de boneca e texto rebuscado não são suficientes para tornar uma biografia boa.

47. A SABIÁ SABIAZINHA (curta-animação): fofinho, engraçadinho e natalino. Deve funcionar melhor no Natal.

46. PLEASE HOLD (curta-metragem): um Black Mirror prisional e agoniante que acaba do nada.

45. QUATRO DIAS COM ELA: um clichê sem fim sobre dependência química e intriga familiar.

44. A MÃO DE DEUS: a nudez de Luisa Ranieri é a maior beleza do filme. E olha que a trama se passa na Itália.

43. ONDE EU MORO (curta-documentário): a vida de pessoas sem-teto ao redor de Los Angeles mostra que não existe lugar sem desigualdade.

42. TRÊS CANÇÕES PARA BENAZIR (curta-documentário): a vida de uma família contada ao estilo “Honeyland”, mas sem alcançar “Honeyland”.

41. BELFAST: semi-biografia do cineasta Kenneth Brannagh, com alto nível visual e um nível emocional mediano.

40. O BECO DO PESADELO: muito bem feito. Porém, o circo é a parte mais instigante e dura pouco tempo. Você, del Toro?

Pegando mais leve

39. AUDIBLE (curta-documentário): a luta de um time de rugbi formado com jogadores surdos perde um pouco o foco, mas mantém a temática relevante. Merecia um longa.

38. ASCENSION (documentário): o Sonho Chinês resumido a uma vida incessante de trabalho. Bem interessante.

37. ALA KACHUU – TAKE AND RUN (curta-metragem): uma moça do Quirguistão sofre por ser sequestrada, para se casar à força, e… é chamada de ingrata – inclusive por seus pais. Urgente e revoltante.

36. THE LONG GOODBYE (curta-metragem): racismo e xenofobia em uma angustiante visão e Riz Ahmed quebrando a quarta parede.

35. KING RICHARD: como disse uma amiga, é um “Dois Filhos de Francisco” versão gringa e com Will Smith.

34. LUCA: um filme-menor da Pixar e maior que muitos filmes de animação por aí.

33. THE WINDSHIELD WIPER (curta-animação): a melhor e mais ousada técnica de animação que eu vi em anos. Boa surpresa. E tem no YouTube.

32. NÃO OLHE PARA CIMA: sátira inteiramente mirada nos negacionistas da ciência e da ignorância no poder. Infelizmente, seu teor ridicularizador foi superado pela realidade.

31. BESTIA (curta-animação): stop-motion pesadão, mais assustador que filmes de terror convencionais. Adorei.

30. OS OLHOS DE TAMMY FAYE: Jessica Chastain carregando um filme biográfico, com talento e boa dose de maquiagem.

Melhorando…

29. THE DRESS (curta-metragem): a difícil vida de uma mulher com nanismo que não aceita a própria condição física.

28. CYRANO: versão musical da famosa peça de Edmond Rostand. Só Peter Dinklage no papel-título já vale a sessão.

27. SPENCER: Kristen Stewart surpreende em uma obra íntima e expurga “Crepúsculo” de sua vida.

26. A FAMÍLIA MITCHELL E A REVOLTA DAS MÁQUINAS: colorido, divertido e muito atual. Serve para as crianças rirem e os adultos refletirem.

25. FREE GUY – ASSUMINDO O CONTROLE: Ryan Reynolds se confirma como o rei do entretenimento puro, mesmo dividindo a tela com a sempre competente Jodie Comer.

24. SHANG-CHI E A LENDA DOS DEZ ANEIS: Belo trabalho visual da Marvel e uma boa introdução de um herói desconhecido ao grande público. Dá de 10 a 0 em “Eternos”.

23. ATTICA (documentário): um conjunto de relatos de pessoas diretamente envolvidas na famosa revolta da prisão de Attica. Um trabalho detalhado de rememoração que nos faz refletir sobre o sistema prisional.

22. ENCANTO: animado, representativo e emocionante. Nem precisou de um vilão para a criação de um conflito verdadeiro.

21. NO RITMO DO CORAÇÃO: ternura, acessibilidade e muita graça em um feel good movie. Porém, a posição já diz o quanto mereceu o Oscar de Melhor Filme, não é?

Adorei!

20. A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS: primeiro filme butanês que vi na vida que me surpreendeu muito pela delicadeza.

19. CRUELLA: uma história de origem que humaniza uma futura vilã sem vitimizá-la. Dois pesos, duas Emmas (Thompson e Stone), em um dos melhores filmes live-actions da Disney.

18. WRITING WITH FIRE (documentário): a história de mulheres indianas dalit (uma baixa casta no país) que fazem a diferença no jornalismo local é uma aula de jornalismo em qualquer região do mundo.

17. ON MY MIND (curta-metragem): uma estorinha tocante de um homem que só quer cantar uma música romântica no karaokê. Lindo, surpreendente e poético.

16. THE QUEEN OF BASKETBALL (curta-documentário): uma belíssima homenagem a Lusia Harris, uma das melhores jogadoras de basquete de todos os tempos.

15. TICK, TICK,… BOOM!: Andrew Garfield destruindo mais uma vez com outra figura real. Uma ode à criatividade, talento e perseverança.

14: 007: SEM TEMPO PARA MORRER: a única despedida de um James Bond é o longa mais equilibrado da era Daniel Craig. Inclusive, boa sorte (mesmo!) ao próximo intérprete.

13. A FILHA PERDIDA: Jessie Buckley e Olivia Colman traz a melhor conexão feminina entre passado e presente de uma mesma personagem, em uma trama sobre uma mãe que não gosta de ser mãe.

12. RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO: animação de primeiríssima qualidade, com uma mensagem forte sobre confiança no final. Segunda melhor animação do ano passado, como mostrei aqui.

11. MÃES PARALELAS: mais um trabalho genial de Pedro Almodovar, como criador de histórias, e de Penélope Cruz, como atriz.

Amei!

10. A TRAGÉDIA DE MACBETH: preto-e-branco deslumbrante, referências milimétricas ao expressionismo alemão, Denzel e Francis excelentes e uma força narrativa descomunal tornam única a experiência dessa nova adaptação de Shakespeare.

9. DUNA: um colosso de filme, criado pelo cineasta que mais entende de visão colossal em filmes no momento: Denis Villeneuve.

8. HOMEM RANHA – SEM VOLTA PARA CASA: o maior blockbuster de 2021 é uma das melhores aventuras do amigo da vizinhança e traz um encontro extasiante e o amadurecimento definitivo da fase Tom Holland.

7. SUMMER OF SOUL (documentário): um registro histórico de um evento que deveria ter sido histórico: o Festival do Harlem, de 1968. Vibrante, emocionante e imperdível.

6. LICORICE PIZZA: o longa mais simples de Paul Thomas Anderson (só o melhor cineasta da atualidade) é um “bonitinho” amplificado pelo talento dele. E Alana Haim é uma revelação.

5. FLEE (documentário): um combo de animação e documentário que toca nas fobias sociais mais tenebrosas, mostrando a história real de um refugiado afegão homossexual. Se você não se comover, procure um especialista.

4. A PIOR PESSOA DO MUNDO: ela é indecisa, mas não para de tentar. Em tudo na vida. Renate Reinsve nos representa. Alias, não existe personagem mais palpável nesta temporada, em uma obra que merecia uma indicação ao Oscar de Melhor Filme.

Oh, my God!

3. DRIVE MY CAR: a luta diária para superar o luto e a culpa é mostrada de um jeito nunca visto antes. Um épico intimista com poucos cenários e muita profundidade, mostrando que o cinema japonês tambem não brinca.

2. AMOR, SUBLIME AMOR: simplesmente um dos melhores remakes de todos os tempos, que conseguiu melhorar o que já era incrível. E feito por alguem que nunca tinha feito um musical ant.. Ah, tá: é Steven Spielberg!

1. ATAQUE DOS CÃES: Um trabalho impecável de ponta a ponta. O melhor filme desta temporada. O verdadeiro merecedor do Oscar de Melhor Filme. E mais uma obra que, no futuro, será lembrada como um dos filmes mais injustiçados pelo Oscar.

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda sexta-feira aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.

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