É lamentável. A Saúde do Estado já passou do fundo do poço. Depois da carnificina no HGR, onde mais de 2 mil pessoas morreram durante a pandemia, agora o descaso da Sesau se estende à maternidade. A situação está feia por lá. Pacientes dão à luz debaixo de tendas. O ambiente é totalmente insalubre.
Não bastasse, familiares e os próprios funcionários denunciam aparelhos de cesariana quebrados e equipamentos cirúrgicos enferrujados, o que coloca em iminente risco a vida das parturientes e de seus rebentos. Também faltam obstetras e ginecologistas.
No ano passado, na mesma maternidade, famílias denunciaram várias mortes de gestantes e filhos por pura negligência médica. Pior. Nada mudou, o atendimento só piorou e não adiantou nada as inúmeras recomendações feitas pela Promotoria de Saúde do Ministério Público (MP) de Roraima. Atualmente, a maternidade funciona de forma precária no antigo hospital de campanha da Operação Acolhida, montado há dois anos para atender pacientes com Corona.
É que a única maternidade pública do Estado, a Nossa Senhora de Nazareth, no bairro São Francisco, está em obra há anos e ninguém sabe quando será reinaugurada. Enquanto isso, as pacientes dão à luz debaixo de tendas, sem a menor condição, em um ambiente insalubre, sem médicos e sem equipamentos ao menos esterelizados. É uma vergonha para a Sesau, que recebeu somente no ano passado R$ 5.1 bilhões do governo federal, mas ninguém sabe para onde esta montanha de dinheiro foi parar, aliás, sabemos sim: está sendo “torrada” na desesperada campanha de reeleição de Antônio Denarium.
Indício de maracutaia
Além da falta de atendimento digno, o problema se agrava com o forte indício de maracutaia na Sesau, justamente com o aluguel das tendas que hoje servem como maternidade. Tanto que o advogado Jorge Mário Peixoto pediu esta semana ao MP, que investigue o governador Antônio Denarium por suspeita de fraude nos contratos da precária estrutura improvisada da maternidade.
A empresa contratada pelo governador tem como finalidade principal a organização de feiras, congressos, exposições e festas, o que deixa explícito o desvio de função, já que hoje as tendas improvisadas abrigam parturientes.
O advogado lembra que existem convênios de 2018 e até os dias atuais não houve a execução completa dos mesmos. O aluguel das tendas gera um prejuízo ao erário superior a R$ 1.3 milhão, por isso o advogado suspeita que a demora na conclusão das obras da maternidade seja proposital.
Fila para nascer
O atendimento na maternidade está um caos, isso é fato. Gestantes fazem fila para fazer cesariana, falta ginecologista, o calor é insuportável, o ambiente é insalubre e os aparelhos de cirurgia estão enferrujados, o que coloca em risco a vida de todos.
Por isso, a justiça acionou recentemente o governador Denarium para responder algumas questões por suspeita de fraude na obra de reforma do antigo prédio da maternidade.
Mas enquanto o caos toma conta da maternidade, Denarium e o candidato ao Senado do governo, deputado federal Hiran Gonçalves, que é médico, passeiam de avião pra cima e pra baixo, fazendo campanha política, pouco se lixando para a caótica situação da maternidade. Quanta falta de amor no coração, santo Pai.
Álvares dos Anjos – cronista