Na noite do dia 26 de outubro do ano passado, o jornalista Romano dos Anjos jantava com a esposa Nattacha Vasconcelos quando foram surpreendidos por bandidos encapuzados dentro de casa. A vida deles mudou a partir daquele momento.
No dia em que o atentado completa um ano, o Roraima em Tempo relembra os principais desdobramentos do ato criminoso que repercutiu em todo o Brasil..
Criminosos sequestraram Romano dos Anjos no dia 26 de outubro do ano passado. Os bandidos o retiraram da residência, o torturam e, em seguida, o deixaram em uma área na região do Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.
Além disso, a Polícia encontrou o carro do jornalista, usado pelos suspeitos durante o sequestro, em chamas próximo à BR-174.
Durante a ação, Romano teve os pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar e passou toda a noite próximo a uma árvore.
No dia seguinte, um funcionário da Roraima Energia encontrou o jornalista e forças de segurança o resgataram. Ele teve os dois braços quebrados, bem como vários hematomas pelo corpo.
Em depoimento à Polícia Civil, Romano disse que os suspeitos citaram o nome do governador de Roraima e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram envolvimento no crime.
Em setembro deste ano, sete suspeitos pelo atentado foram presos durante a primeira fase da Operação Pulitzer, deflagrada pelo Ministério Público junto com as polícias Civil e Militar.
Seis deles eram militares e um era ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
Além disso, quatro dos policiais presos estavam lotados na ALE-RR quando ocorreu o sequestro. À época, o deputado Jalser Renier (SD) presidia a Casa.
Após as prisões, Jalser chegou a afirmar que estava “surpreso” e que desconhecia o teor das investigações do caso.
O Roraima em Tempo revelou que o inquérito da Polícia Civil de Roraima (PCRR) aponta Jalser como responsável pelo atentado contra Romano.
O documento afirma que a motivação do crime é “vingança ou represália” devido às críticas feitas pelo apresentador contra o parlamentar.
Além disso, as investigações indicam que Jalser chefiava a organização criminosa suspeita por cometer o atentado.
Formado em grande parte por policiais militares da reserva e da ativa, o grupo, inclusive, tinha uma hierarquia, partindo de Jalser, passando pelos coronéis, tenentes, até chegar aos soldados.
Conforme o documento, uma semana após a criação da força-tarefa para investigar o caso, Jalser ameaçou Antonio Denarium (PP) e exigiu o fim dos trabalhos.
O inquérito diz ainda que os delegados geral e adjunto da PCRR, Herbert Amorim Cardoso e Eduardo Wayner, atrapalharam a investigação.
Conforme o documento, eles pediram ao secretário de Segurança Pública, Edison Prola para interferir nas investigações. Os dois queriam tirar o delegado João Evangelista do comando da força-tarefa.
O inquérito relata ainda que, no encontro, os chefes da Polícia Civil levaram um “recado” de Jalser.
A Corregedoria-Geral da PCRR abriu processo administrativo para apurar a conduta do dois delegados.
No dia 1º de outubro, Jalser Renier foi preso durante a segunda fase da Operação Pulitzer. Além do deputado, outros três policiais militares suspeitos por participação no sequestro também foram presos.
Três dias depois, a ALE-RR decidiu, por unanimidade, manter a prisão preventiva do parlamentar. Desde 2019, os deputados estaduais têm imunidade parlamentar e as prisões precisam ser submetidas à análise das Casas Legislativas.
Apesar disso, Jalser acionou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) argumentando que a prisão era ilegal, pois, como parlamentar, ele não se trata de um “cidadão comum”.
Em seguida, a Justiça concedeu o relaxamento da prisão e soltou o parlamentar. No dia 6 de outubro, ele colocou uma tornozeleira eletrônica na casa onde vive.
Após conseguir a liberdade, o deputado também conseguiu autorização da Justiça para viajar para Brasília. Conforme o documento obtido pelo Roraima em Tempo, a justificativa dada foi trabalho e encontro com advogado na capital federal.
Apesar de solicitar a permissão de última hora, a juíza Graciette Sotto Mayor concedeu, mas advertiu para fazer as próximas solicitações com antecedência.
Depois disso, o parlamentar realizou novo pedido urgente e recebeu novamente autorização para viajar para Brasília.
Fonte: Da Redação
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