A Secretaria de Estado da Saúde rescindiu contrato com a médica nefrologista que realizou avaliações em dois dos três bebês que morreram na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth. A decisão está publicada no Diário Oficial do dia 26. Quem assina a rescisão unilateral é a secretária Cecília Lorezon, após denúncia de perseguição aos médicos nefrologistas na rede estadual.
Em uma das avaliações, a médica identificou a gravidade da situação da criança com insuficiência renal aguda e indicou diálise de urgência. No entanto, 12 horas depois o procedimento, que poderia ter salvo a vida do bebê, ainda não havia ocorrido.
Na reavaliação, feita no dia seguinte, a profissional explicou que, diante ao exposto, a criança se encontrava em risco de complicação iminente. E então, comunicou a situação ao médico plantonista e à direção da maternidade. Veja a imagem:
Em outro caso, a médica também indicou a diálise de urgência. No entanto, quando outro médico fez a reavaliação, constatou que o procedimento só ocorreu seis horas depois. O que pode ter reduzido as chances de vida da criança.
Mãe pede justiça
A reportagem conversou com a mãe Janice Lima de Sousa Gil. Seu filho Vicente Rodrigues de Lima é uma das crianças que morreram na maternidade com indicativo de diálise urgente. Conforme ela, a demora no início do procedimento foi o que mais prejudicou a vida do bebê.
“… eles falaram que iam fazer diálise nos bebês. Fizeram só em um. No outro não fizeram a diálise no bebê. Aí essa diálise demorou muito. Demoraram muito para realizar essa diálise no bebê”, explicou.
Revoltada, Janice afirmou ao Roraima em Tempo que vai acionar a Justiça, palavra que fala repetidamente. Ela ressaltou que não quer que outra mulher passe pela dor que está sentindo.
“Eu quero Justiça dos meus dois bebês gêmeos. Que outra mãe não venha sentir o que eu estou sentindo hoje. Peço Justiça pelos meus gêmeos, para que outra mãezinha não venha sofrer o que eu estou sofrendo hoje“.
Perseguição
Após a divulgação da denúncia feita ao MPRR, CRM-RR e Comissão de Saúde da ALE-RR na imprensa, a Sesau divulgou comunicado em que negou que as mortes das três crianças estivessem relacionadas com a falta de diálise. Além disso, repudiou as reportagens e disse que a vida de pessoas estavam sendo “indevidamente exploradas”.
Disse ainda que a imprensa estaria tentando vincular o óbito de três recém-nascidos ocorridos no maternidade ao credenciamento de novas empresas para a realização de serviços de hemodiálise nas unidades hospitalares da Rede Pública Estadual.
Sobre o recém-nascido Vicente Rodrigues de Lima, a Secretaria afirmou que ele teve complicações no parto e foi internado na UTI C com quadro grave de instabilidade hemodinâmica. No entanto, a Sesau não citou que o bebê apresentou insuficiência renal aguda.
Fonte: Da Redação