Atentado contra Romano dos Anjos completa um ano

Roraima em Tempo relembra os principais desdobramentos do atentado

Atentado contra Romano dos Anjos completa um ano
Sequestro ocorreu no dia 26 de outubro de 2020 – Arquivo/Roraima em Tempo/Nonato Sousa

Na noite do dia 26 de outubro do ano passado, o jornalista Romano dos Anjos jantava com a esposa Nattacha Vasconcelos quando foram surpreendidos por bandidos encapuzados dentro de casa. A vida deles mudou a partir daquele momento.

No dia em que o atentado completa um ano, o Roraima em Tempo relembra os principais desdobramentos do ato criminoso que repercutiu em todo o Brasil..

Sequestro e tortura

Criminosos sequestraram Romano dos Anjos no dia 26 de outubro do ano passado. Os bandidos o retiraram da residência, o torturam e, em seguida, o deixaram em uma área na região do Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.

Além disso, a Polícia encontrou o carro do jornalista, usado pelos suspeitos durante o sequestro, em chamas próximo à BR-174.

Durante a ação, Romano teve os pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar e passou toda a noite próximo a uma árvore.

No dia seguinte, um funcionário da Roraima Energia encontrou o jornalista e forças de segurança o resgataram. Ele teve os dois braços quebrados, bem como vários hematomas pelo corpo.

Em depoimento à Polícia Civil, Romano disse que os suspeitos citaram o nome do governador de Roraima e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram envolvimento no crime.

Operação Pulitzer

Em setembro deste ano, sete suspeitos pelo atentado foram presos durante a primeira fase da Operação Pulitzer, deflagrada pelo Ministério Público junto com as polícias Civil e Militar.

Seis deles eram militares e um era ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Além disso, quatro dos policiais presos estavam lotados na ALE-RR quando ocorreu o sequestro. À época, o deputado Jalser Renier (SD) presidia a Casa.

Após as prisões, Jalser chegou a afirmar que estava “surpreso” e que desconhecia o teor das investigações do caso.

Envolvimento de Jalser

O Roraima em Tempo revelou que o inquérito da Polícia Civil de Roraima (PCRR) aponta Jalser como responsável pelo atentado contra Romano.

O documento afirma que a motivação do crime é “vingança ou represália” devido às críticas feitas pelo apresentador contra o parlamentar. 

Além disso, as investigações indicam que Jalser chefiava a organização criminosa suspeita por cometer o atentado.

Formado em grande parte por policiais militares da reserva e da ativa, o grupo, inclusive, tinha uma hierarquia, partindo de Jalser, passando pelos coronéis, tenentes, até chegar aos soldados.

Interferências

Conforme o documento, uma semana após a criação da força-tarefa para investigar o caso, Jalser ameaçou Antonio Denarium (PP) e exigiu o fim dos trabalhos.

O inquérito diz ainda que os delegados geral e adjunto da PCRR, Herbert Amorim Cardoso e Eduardo Wayner, atrapalharam a investigação.

Conforme o documento, eles pediram ao secretário de Segurança Pública, Edison Prola para interferir nas investigações. Os dois queriam tirar o delegado João Evangelista do comando da força-tarefa.

O inquérito relata ainda que, no encontro, os chefes da Polícia Civil levaram um “recado” de Jalser.

Herbert afirmou que Jalser Renier havia dito que: “se a investigação continuar, vai morrer gente”. A informação foi confirmada em depoimento pelo próprio secretário Edison Prola.

A Corregedoria-Geral da PCRR abriu processo administrativo para apurar a conduta do dois delegados.

Prisão de Jalser

No dia 1º de outubro, Jalser Renier foi preso durante a segunda fase da Operação Pulitzer. Além do deputado, outros três policiais militares suspeitos por participação no sequestro também foram presos.

Três dias depois, a ALE-RR decidiu, por unanimidade, manter a prisão preventiva do parlamentar. Desde 2019, os deputados estaduais têm imunidade parlamentar e as prisões precisam ser submetidas à análise das Casas Legislativas.

Apesar disso, Jalser acionou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) argumentando que a prisão era ilegal, pois, como parlamentar, ele não se trata de um “cidadão comum”.

Em seguida, a Justiça concedeu o relaxamento da prisão e soltou o parlamentar. No dia 6 de outubro, ele colocou uma tornozeleira eletrônica na casa onde vive.

Livre

Após conseguir a liberdade, o deputado também conseguiu autorização da Justiça para viajar para Brasília. Conforme o documento obtido pelo Roraima em Tempo, a justificativa dada foi trabalho e encontro com advogado na capital federal.

Apesar de solicitar a permissão de última hora, a juíza Graciette Sotto Mayor concedeu, mas advertiu para fazer as próximas solicitações com antecedência.

Depois disso, o parlamentar realizou novo pedido urgente e recebeu novamente autorização para viajar para Brasília.

Fonte: Da Redação

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